É inacreditável o silêncio da mídia sobre o deboche do presidente da EBC, Laerte Rimoli, que compartilhou memes ridicularizando as declarações da atriz Taís Araújo sobre as manifestações de racismo que enfrenta com seu filho. Mesmo tendo deixado de ser uma empresa de comunicação pública, por conta das deformações impostas por Temer e da gestão subserviente, trata-se de uma empresa de comunicação do Estado. Se ela ainda tivesse um Conselho Curador, já teria sido aprovada uma moção de censura ao presidente da EBC por violação da lei do racismo. No Governo Temer, entretanto, esta descompostura gritante passará em branco mas o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) vai denunciar Rimoli por manifestação de cunho racista em redes sociais.
Para a jornalista Renata Mielli, coordenadora do FNDC, as postagens de Rimoli são graves pela conotação racista de que estão carregadas. "E se tornam mais graves ainda porque são incompatíveis com a função de um gestor de comunicação pública, que deveria zelar pelo fim de todas as formas de discriminação, pelo respeito à diversidade e aos direitos humanos", diz ela.
Para Mieli, o fato de o presidente da EBC gastar parte de seu tempo de trabalho (as postagens ocorreram em horário de expediente) em tal atividade são mais uma evidência do processo de desmonte e desconstrução por que passa a empresa desde a intervenção que sofreu com a posse de Rimoli e as mudanças em sua lei fundamental. "Racismo já é crime. Agora, praticado por um gestor de uma empresa pública de comunicação é totalmente absurdo. Nos causa profunda indignação. Vamos fazer o que estiver ao nosso alcance para denunciar e exigir que as medidas cabíveis sejam adotadas", diz Renata, que defende a sua demissão. “Mas como ele é preposto de um governo golpista, que é conivente com práticas discriminatórias e racistas, não sei se sofrerá algum tipo de sanção."
No início da tarde desta quarta-feira (22), Rimoli publicou em seu Facebook um pedido de desculpas a Taís e sua família "por ter compartilhado um post inadequado em minha timeline". No Twitter, começou a circular a hastag #ForaLaerte.
A última de Laerte é deplorável mas não é surpreendente. Suas postagens em redes sociais, ainda antes do golpe, eram uma ladainha com sotaque fascista contra petistas, petralhas, canalhas e expressões similares de intolerância e ódio. Depois ele se tornou lacaio de Temer e interventor na EBC, deflagrando uma caça às bruxas odiosa dentro da empresa; A mim e a uma dezena de jornalistas e comentaristas, enxotou da EBC com o mais puro espírito revanchista. Nem eu que, que criei a empresa, mereci pelo menos uma conversa civilizada do gênero “lamento mas terei que dispensá-la”. Recebemos recado para não aparecer mais na TV Brasil. Dezenas de gestores que ajudaram a construir a empresa foram demitidos para dar lugar à sua tribo de amigos, desprovidos de qualquer noção sobre comunicação pública, que hoje dominam e degradam a empresa. A EBC hoje é o reino dos cabides. Programas relevantes da grade foram suprimidos por razões políticas: Sem Censura, Arte do Artista, ABZ do Ziraldo, Papo de Mãe e tantos outros. Jornalistas enfrentam censura interna e vivem sobressaltados, temendo entrar na lista das bruxas a serem caçadas.
Quem exercita com prazer o macarthismo está apenas revelando mais um traço da alma, o racismo. Vindo de um dirigente do que deveria ser o nosso sistema público de comunicação, é deplorável. É intolerável.(247).
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