Um dia após usar a votação da reforma da Previdência e da agenda econômica do governo na Câmara como forma de pressão, partidos do Centrão ameaçaram, nesta quinta-feira, 10, não barrar uma eventual segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Michel Temer. O grupo quer que o governo redistribua os cargos na administração federal que estão nas mãos dos chamados “infiéis” para os que votaram majoritariamente para barrar a primeira denúncia por corrupção passiva contra o peemedebista na Câmara, na semana passada.
Lideranças do PP e PSD, os dois maiores partidos do Centrão, dizem que será muito difícil “segurar” suas bancadas caso o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente uma segunda denúncia contra Temer no atual cenário de “desorganização” da base.
Janot deixará o cargo no dia 17 de setembro e, nos bastidores, procuradores e parlamentares dão como certo de que, antes de sair, ele apresentará denúncia por obstrução da Justiça contra o presidente, com base na delação de executivos da JBS.
Para o deputado, o governo não pode continuar dando as mesmas “regalias” a fiéis e infiéis. “O governo não se comunica, não se articula, não conversa, não prestigia. Não dá para estar na mesma base quem vota contra e quem vota a favor, com as mesmas regalias, sejam ela grandes ou pequenas”, disse. Segundo Lira, as críticas são generalizadas na bancada.
O líder do PSD na Câmara, Marcos Montes (MG), avalia que uma eventual segunda denúncia da PGR, no atual momento, pode ser “perigosa” para Temer. “Votamos pela permanência dele para não ter uma turbulência política que contaminasse a retomada do desenvolvimento econômico. (...) Agora ele tem que dar um freio de arrumação. Se não der, essa desorganização política volta e o mercado vai embora. Não adianta ele ficar e continuar com a desordem política.”(247).
As informações são de reportagem de Igor Gadelha no Estado de S.Paulo.
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