O senador Aécio Neves
(PSDB-MG), que atirou o Brasil na maior crise de sua história, ao liderar
o golpe de 2016, é o protagonista de uma reportagem do jornalista Hudson
Corrêa, que revela todo o seu esquema de propinas na Odebrecht.
Confira, abaixo, um trecho:
Aécio Neves acabara de perder a
eleição para presidente da República. Mesmo assim, a Odebrecht honrou o
pagamento da última parcela de sua campanha, em novembro de 2014 – em caixa
dois, como mandava a regra. Eram R$ 500 mil, derradeira fatia de um acerto de
R$ 6 milhões. O executivo Sérgio Neves conta que pegou o dinheiro numa mochila
preta no escritório da empreiteira em Belo Horizonte, colocou no porta-malas
do carro e dirigiu por meia hora até a Minasmáquinas, concessionária
Mercedes-Benz localizada na saída da cidade. Encontrou-se no estacionamento com
o dono da loja, Oswaldo Borges da Costa, o Oswaldinho, tesoureiro informal de
Aécio. “Ele [Oswaldo] pegou a mochila e colocou no porta-malas do carro”,
diz Sérgio Neves em seu depoimento. Pronto, mais uma entrega de propina da
Odebrecht para Aécio era concluída com sucesso. Oswaldinho convidou Sérgio
Neves para almoçar no escritório. Na despedida, mostrou sua coleção de mais de
100 carros antigos, guardados em dois galpões. Entre as raridades figurava um Rolls-Royce
Silver Wraith 1953, a bordo do qual Aécio Neves desfilou na posse como
governador de Minas Gerais em 2007. Por pouco, o investimento da Odebrecht não
levou o tucano a passear em outro Rolls-Royce da década de 1950, que o levaria
ao Palácio do Planalto. Seria o terceiro presidente da República ligado à
Odebrecht.
Presidente do PSDB e senador,
Aécio Neves é um dos personagens mais frequentes nas delações dos 77 executivos
da Odebrecht. Não à toa, divide com o senador Romero Jucá, do PMDB, o título de
campeão no número de inquéritos derivados da delação, abertos pelo ministro
Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo. É investigado em cinco. Nesta
semana, ele prestou seu primeiro depoimento à Polícia Federal, sobre a
investigação relacionada a irregularidades em Furnas. Reunidos os inquéritos,
Aécio é acusado de ter cometido os crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem
de dinheiro e fraude em licitação. A divulgação da delação da Odebrecht mudou a
perspectiva do senador tucano. A segunda candidatura à Presidência da República
em 2018, que seria natural, soa muito distante, coisa do passado. Recentemente,
Aécio comentou com amigos que pode ser candidato apenas a deputado federal,
diante das dificuldades para obter votos até para manter-se no Senado.
Aécio foi uma aposta antiga da
Odebrecht, coisa de longo prazo. As delações relatam propinas pagas desde que
ele era governador de Minas Gerais, entre 2003 e 2010. “Nós estávamos
investindo dinheiro numa pessoa que ia se constituir no mandatário do país”,
disse o executivo Benedicto Barbosa Junior, o BJ, chefe de Sérgio Neves. BJ
cuidava das principais obras da empreiteira pelo Brasil – acima dele estava
apenas Marcelo Odebrecht. Por isso, tinha trânsito com políticos de variados
partidos, entre eles Aécio. A relação era tão boa que BJ disse aos procuradores
da Lava Jato que frequentava o apartamento do senador no Rio de Janeiro e o
Palácio das Mangabeiras, residência oficial do governo em Minas Gerais. Possuía
na agenda até o telefone da mãe de Aécio para encontrar o tucano quando seus
assessores não o localizassem. (247).
Leia aqui a íntegra.
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