Responsáveis pelo golpe que feriu de morte a
democracia brasileira e arruinou a economia nacional, líderes do PSDB agora se
queixam do ódio instalado no Brasil; em artigo publicado neste domingo, o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reclamou da falta de
"bonomia" na sociedade brasileira; em vídeo, Andrea Neves, acusada de
receber propina para o irmão Aécio Neves, perguntou "de onde vem tanto
ódio"; no meio da semana, Luciano Huck, um dos projetos presidenciais de
FHC, se lançou candidato e disse que "não importa se foi golpe ou
não"; no entanto, a raiz de toda a tragédia brasileira é o ódio de classe
que vem sendo semeado pelo PSDB há vários anos e que culminou no golpe de 2016
"Sei que vivemos um
momento de desânimo e que o ódio substitui certa bonomia, que parecia própria
dos brasileiros", escreve o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, na
primeira linha de seu artigo deste domingo (leia aqui).
Horas mais tarde, Andrea Neves,
irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG), postou um vídeo nas redes sociais em que
foi às lágrimas e questionou o porquê de tanto ódio, depois de ter sido citada,
na capa de Veja, como operadora de propinas para o irmão (leia aqui).
Os dois exemplos são parte do
mesmo fenômeno: a dificuldade do PSDB em conviver com o ódio que os tucanos
instalaram no País e que agora se volta contra eles.
Afinal, foi o PSDB, sob o
comando do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que, em novembro de 2014, logo após sua
quarta derrota presidencial, decidiu conspirar contra a democracia brasileira e
criar as condições para um impeachment fraudulento que fez com que o Brasil se
transformasse num vexame mundial.
Para que se atingisse tal
objetivo, não se mediram, em nenhum momento, as consequências.
Em 2015, sob a benção de FHC,
Aécio se aliou a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje condenado a 15 anos e quatro
meses de prisão, para sufocar o governo da presidente reeleita Dilma Rousseff,
com suas pautas-bomba no Congresso. Em paralelo, "movimentos sociais"
que eram apenas páginas de promoção de ódio e notícias falsas na internet,
foram financiados para inflar protestos de rua. Isso sem falar nos colunistas
de extrema direita recrutados por meios de comunicação financiados por verbas
de publicidade de governos tucanos.
Com o ódio instalado no País,
em 2016, os tucanos finalmente conseguiram concretizar o golpe parlamentar que
já produziu uma queda de praticamente 10% do PIB nacional e instalou no Palácio
do Planalto um governo com nada menos que nove ministros investigados por
corrupção.
Um elemento, no entanto, fugiu
do controle: as delações da Odebrecht. Arruinada nesse processo, a empreiteira
decidiu delatar todos os esquemas de corrupção de que participou – e não apenas
os de governos petistas. A consequência foi a revelação de repasses de R$ 70
milhões para Aécio, o Mineirinho, de R$ 23 milhões na Suíça para José Serra, o
Careca, e também de pagamentos não contabilizados para Geraldo Alckmin, o Santo.
Com isso, o PSDB viu seus três
principais presidenciáveis serem engolidos pelo neófito João Doria, prefeito de
São Paulo – um personagem que lembra Jânio Quadros e provoca aversão máxima em
FHC.
Ciente de que a cúpula tucana
está liquidada, FHC passou a defender candidaturas avulsas e orientou o
apresentador Luciano Huck a se lançar candidato, numa entrevista concedida à
Folha de S. Paulo no fim de semana. Vendendo-se como uma espécie de "candidato
do bem", Huck soltou uma pérola na entrevista. "Não importa se foi
golpe ou não", disse ele.
Claro que importa, Luciano.
Foi um golpe liderado por seus
amigos tucanos. E disso o mundo inteiro já sabe.
É justamente esse golpe
vergonhoso que explica o ódio predominante no Brasil, semeado pelo PSDB, e com
o qual os tucanos não conseguem conviver. (247).
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