Eu que nunca cassei, hoje sou cassado. Não posso usar o provérbio que diz ser “um dia da caça e outro do caçador”.
Em 2009 me deparei com dois grandes
desafios. O primeiro era a falta de creches para nossas crianças. O
segundo a falta de casas para nossas famílias.
Direitos fundamentais do cidadão cassados pelo modelo então vigente.
Para o primeiro, criamos o maior
programa de inclusão de crianças em creche: o Nova Semente. Que, em
parceria com a sociedade civil, atende seis mil crianças em tempo
integral. Ampliamos o número de crianças alfabetizadas e reduzimos a
mortalidade infantil. Placas de identificação das suas unidades me
custaram a primeira cassação no período eleitoral em primeira instância.
Para o segundo problema, buscamos no
Programa Minha Casa Minha Vida o que é hoje o maior programa
habitacional de todo norte nordeste. Dez mil contratos, dez mil famílias
que já foram ou serão beneficiadas.
Tínhamos em Petrolina, e sei que é
um problema do Estado e do Brasil, a questão fundiária. Buscamos apoio
do Tribunal de Justiça para que elaborássemos provimento que nos
permitisse realizar a Regularização Fundiária. Anunciamos através de um
decreto de interesse social a Regularização de centenas de casas. Um
vereador da oposição a época anunciou: “esse é um problema histórico e o
prefeito só promete como tantos já fizeram. Se ele fizer voto nele”.
Durante o evento de assinatura da desapropriação da área, vi homens e
mulheres que tinham naquelas casas seu único bem se emocionarem. Naquele
momento estava afastado o risco de demolição que tanto amedrontava
aquele povo.
Naquela noite, avistei entre as
pessoas, o vereador supracitado e não resisti, dizendo-lhe: “Vereador,
está feito o prometido, agora espero que cumpra sua promessa”.
O engraçado é que o Vereador parece não ter votado em mim, foi candidato na coligação que apoiou o candidato do PSB.
Essa fala e esse ato, um, ou os
dois, foram interpretados como abuso do poder econômico, o que agora me
custa a segunda cassação.
Vi na justificativa da decisão “abuso de poder econômico na eleição”.
Curioso é que disputamos contra o
poder do Governo do Estado, do Ministro da Integração, deputados e a
maioria dos vereadores da cidade e, mesmo assim, “nós é que abusamos do
poder econômico?”
Durante o pleito eleitoral de 2012 tivemos quatro candidatos.
Rosalvo, do PSOL, que teve em sua coligação vinte e sete candidatos a vereador.
Odacy Amorim, do PT e PPS, com trinta candidatos a vereador.
Julio Lossio, do PMDB, PSDB, DEM e PMN, com trinta e seis candidatos a vereador.
Fernando Filho, do PSB e mais 18
partidos, que somaram cento e quarenta e cinco candidatos a vereador e,
mesmo assim, “nós é que abusamos do poder econômico?”
Vimos, ainda, o uso abusivo da
CODEVASF com realização de pavimentações em ruas ainda não saneadas, bem
como entrega de equipamentos agrícolas e cisternas, com fins claramente
eleitoreiros e, ainda assim, “nós que abusamos do poder econômico?”
Se me sinto injustiçado? Não.
Sinto-me cassado. Até porque acredito que a justiça pode até tardar, mas
não falha. Até porque, não sou prefeito. Estou prefeito. Ou melhor:
estava!
Que Deus nos permita ser apenas o que somos e o que somos merecedores.
Julio Lossio
Deus abençoe nossa caminhada
Blog do Bill Art´s