O
governador de Pernambuco, Eduardo Campos, não negou nem confirmou a
declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), feita na
última segunda-feira (20), segundo o qual Campos teria lhe confirmado,
há cerca de um mês, que será candidato à Presidência da República. “Não
costumo comentar conversas privadas. O que eu falo do ponto de vista das
conversas privadas não se altera quando eu falo de público. Acho que o
PSB vai tomar a decisão, como o próprio presidente Fernando Henrique
Cardoso disse, na hora certa. As circunstâncias é que vão dizer
exatamente qual o papel que o PSB jogará para ajudar o Brasil, o povo
brasileiro e o crescimento do PSB na política brasileira”. A declaração
do ex-presidente foi dada durante palestra em São Paulo, na última
segunda (20).
O comentário de Eduardo Campos foi feito
na tarde desta terça-feira (21), após a assinatura de um acordo de
cooperação com a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) que levará
ao arquipélago de Fernando de Noronha uma usina solar fotovoltaica, a
terceira do estado. O sistema converte radiação solar em energia
elétrica e vai gerar cerca de 777 MWh/ano, o que corresponde a 6% do
consumo da ilha. O evento ocorreu no Centro de Convenções, em Olinda.
Ao final da solenidade, perguntado sobre
a aparente divisão interna no PSB, devido às recentes declarações de
apoio à reeleição de Dilma Rousseff dadas pelos governadores do Amapá e
do Espírito Santo, Campos afirmou que o partido só vai decidir sobre o
assunto no ano que vem. “Não haverá decisão antes de 2014. Isso faz
parte do estatuto [do partido] e da prática política do PSB. Em todos os
anos em que houve eleição foi assim, o nosso estatuto diz que é assim e
será assim, quer queiram uns ou não. Quem vai decidir o futuro do PSB é
o PSB, não serão ingerências nem interferências de quem quer que seja”,
disse.
O PSB, partido presidido por Campos,
integra a base de apoio ao governo Dilma. No entanto, nos últimos meses,
especula-se que a legenda lance uma candidatura presidencial própria,
tendo o pernambucano como candidato. Além dos governadores do Amapá e
Espírito Santos, pelo menos mais um gestor estadual, Cid Gomes (CE), tem
articulado a favor de Rousseff.
O pernambucano, porém, diz que vê com
tranquilidade essas divergências. “Esse é um debate democrático, que
deve seguir, não é chegada a hora de haver nenhum tipo de decisão. O PSB
vai decidir sobre 14 em 14, porque nós estamos preocupados com 2013, e
temos certeza que o PSB sairá unido como saiu de outros momentos onde
teve que fazer esses debates. Como presidente do partido, eu não posso
rasgar o estatuto, eu tenho que zelar por ele. No tempo certo, nós vamos
ter um calendário, que vai começar pela ausculta da base partidária,
como fizemos em outras eleições. Cada município vai se reunir, vai tirar
uma posição. Cada estado vai se reunir, vai tirar uma posição. E o
congresso do partido vai considerar isso no debate da cúpula
partidária”.
Sobre a relação com o PT, Campos garante
que não houve mudanças. “A relação é boa, de quem é companheiro, de
quem militou durante muitos anos na construção das forças políticas para
que o Brasil vivesse o processo de mudança que viveu nos anos recentes,
de quem sempre teve identidade própria, esteve solidário no momento de
dificuldade, sempre teve ideias e pugnou por essas ideias de maneira
muito tranquila, temos uma relação de respeito, nunca foi uma relação de
subserviência nem nunca foi uma relação aonde não se pudesse expressar
as divergências, as diferenças, porque nos respeitamos, somos
democratas, temos convicção de que se constrói todos os dias um projeto
de País com o debate de ideias”. (G1PE)
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