O ex-presidente Lula (PT) assinou uma carta pedindo para que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, interrompa imediatamente o bloqueio econômico a Cuba. Além de Lula, mais de 400 ex-chefes de estado, políticos, intelectuais, cientistas, religiosos, artistas, ativistas e movimentos sociais de todo o mundo assinaram o documento.
Entre os signatários do “Let Cuba Live” (Deixe Cuba Viver), estão Jane Fonda, Susan Sarandon, Emma Thompson, Danny Glover, Wagner Moura, Mark Ruffalo, Judith Butler, Noam Chomsky, Gayatri Spivak, Adolfo Pérez Esquivel, Rafael Correa e movimentos como o Black Lives Matter (EUA) e o MST.
“Consideramos inescrupuloso, especialmente durante uma pandemia, bloquear intencionalmente as remessas e o uso de instituições financeiras globais por parte de Cuba, visto que o acesso a dólares é necessário para a importação de alimentos e medicamentos”, diz a carta.
Além de manter o bloqueio econômico, o governo Biden anunciou que vai impor sanções às forças militares cubanas e aos oficiais do Ministério do Interior do país. Biden disse que as sanções dos EUA contra Cuba são "apenas o início", e afirma que Washington continuará a sancionar os responsáveis pela suposta opressão do povo cubano.
Leia a carta aberta na íntegra
Caro Presidente Joe Biden,
É hora de dar um novo rumo adiante nas relações entre os Estados Unidos da América e Cuba. Nós, abaixo assinados, estamos fazendo este apelo público e urgente a vocês para que o senhor rejeite as políticas cruéis postas em prática pela Casa Branca de Trump, que causaram tanto sofrimento para o povo cubano.
Cuba – um país de onze milhões de habitantes – está passando por uma difícil crise devido à crescente escassez de alimentos e medicamentos. Protestos recentes chamaram a atenção do mundo para isso. A pandemia de Covid-19 se mostrou um desafio para todos os países e o foi ainda mais para uma pequena ilha sob o peso de um embargo econômico.
Consideramos inescrupuloso, especialmente durante uma pandemia, bloquear intencionalmente as remessas e o uso de instituições financeiras globais por parte de Cuba, visto que o acesso a dólares é necessário para a importação de alimentos e medicamentos.
Quando a pandemia atingiu a ilha, seu povo – e seu governo – perderam bilhões em receitas advindas do turismo internacional que normalmente iriam para o sistema público de saúde, distribuição de alimentos e ajuda econômica.
Durante a pandemia, a administração de Donald Trump endureceu o embargo, pôs de lado a abertura de Obama e pôs em prática 243 “medidas coercitivas” que intencionalmente estrangularam a vida na ilha e criaram mais sofrimento.
A proibição de remessas e o fim dos voos comerciais diretos entre os EUA e Cuba são impedimentos ao bem-estar da maioria das famílias cubanas.
“Apoiamos o povo cubano”, você escreveu em 12 de julho. Se é esse o caso, pedimos que você assine imediatamente uma ordem executiva e anule as 243 “medidas coercitivas” de Trump.
Não há razão para manter a política da Guerra Fria que exigia que os EUA tratassem Cuba como um inimigo existencial em vez de um vizinho. Em vez de manter o caminho traçado por Trump em seus esforços para desfazer a abertura do presidente Obama a Cuba, nós contamos com o senhor para seguir em frente. Retomar a abertura e iniciar o processo de encerramento do embargo. Acabar com a severa escassez de alimentos e medicamentos tem que ser a principal prioridade.
Em 23 de junho, a maioria dos estados membros das Nações Unidas votou para solicitar aos EUA para acabar com o embargo. Nos últimos 30 anos, esta tem sido a posição consistente da maioria dos Estados membros. Além disso, sete relatores especiais da ONU escreveram uma carta ao governo dos EUA em abril de 2020 sobre as sanções a Cuba.
“Na emergência de pandemia”, eles escreveram , “a falta de vontade do governo dos EUA em suspender as sanções pode levar a um maior risco de sofrimento em Cuba”.
Pedimos que acabe com as “medidas coercitivas” de Trump e retorne à abertura de Obama ou, melhor ainda, inicie o processo de fim do embargo e normalização total das relações entre os Estados Unidos e Cuba. (247).