A Covid-19 vai mudar a vida como a conhecemos, disso não há dúvidas. Não só na nossa rotina diária, mas também de formas mais profundas que transformarão o mundo à nossa volta. Todas as áreas serão afetadas, e uma das que sofrerão maiores e mais intensas transformações é a econômica, com reflexos fortes sobre o trabalho e os negócios.
Por: Luis Pellegrini
Nestes tempos de pandemia surgem sinais de importantes mudanças no comportamento das pessoas e das massas sociais. Tais mudanças são rápidas e aceleradas, obrigando a um repensar nos modelos das organizações. Se algumas dessas tendências ainda pareciam longe de se tornarem “mainstream” (corrente ou tendência dominante) a curto prazo, o vírus que nos levou ao isolamento social parece agora torná-las comportamentos normais, através de processos que antes podiam levar meses ou anos, mas agora apenas dias ou semanas.
A plataforma digital Trendwatching formula abaixo 10 tendências, em diferentes organizações e atividades, que vão crescer radicalmente por influência direta do coronavírus. Procurei sintetizar o conteúdo de cada uma delas:
1 – Experiências econômicas virtuais. Já vivíamos na chamada “Economia das Experiências”. Agora, a economia no quotidiano passará a ser virtual e imersiva (em situações que simulam um ambiente real, dentro de uma realidade virtual. Exemplo: os pokémons, os óculos 3D). Com festivais e campeonatos de futebol cancelados, espaços como museus, teatros, casas de espetáculo fechados, o vazio na vida das pessoas será interrompido através da tecnologia. No domínio virtual, as redes sociais e os esportes eram até hoje sinais da nossa presença e status social. Agora, teremos um aumento das experiências virtuais em setores como o turismo e o varejo (a venda de produtos ou a comercialização de serviços em pequenas quantidades. Ao contrário do que acontece na venda por atacado, o varejo é a venda direta ao comprador final, consumidor do produto ou serviço, sem intermediários).
2 – Shopstreaming. As vendas online passam a ser uma opção também para lojas que até agora se valiam apenas do local físico. A junção das compras online com as lives para vendas resultou no shopstreaming. Como diz a Trend Watching, “A recente crise fez o mercado chinês de transmissão ao vivo crescer ainda mais, e esse mix de entretenimento, comunidade e comércio eletrônico aumentará no mundo todo”.
3 – Amigos virtuais. À medida que nos vamos nos habituando a assistentes digitais e chatbots (programas de computador que tentam simular um ser humano na conversação com as pessoas, com o objetivo de responder as perguntas de tal forma que as pessoas tenham a impressão de estar conversando com outra pessoa e não com um programa de computador ou um robô), crescem as nossas expectativas. Vamos começar a procurar companhias virtuais personalizadas que nos possam entreter, educar, curar e até com quem poderemos criar relações de “amizade”.
4 – Qualidade de vida e bem-estar ambiental. Nos dias atuais, novos hábitos de higiene são estimulados e implantados, em especial no cuidado com a desinfeção das mãos. Mesmo depois da crise que se vive em termos de saúde pública, continuaremos a desejar e a buscar esse sentimento de segurança. Trata-se de uma oportunidade de negócio para todos os que incorporem essa ideia nos seus espaços físicos. Viver em ambientes saudáveis, amplos, arejados e bem iluminados vai passar a ser uma das prioridades dos consumidores.
5 – Mestre/discípulo. Haverá um incremento do desejo humano de adquirir mais informação e conhecimento. O número de horas diárias que passamos on-line aumentará ainda mais com o isolamento social, e disso surgirá a vontade de se usar parte desse tempo de forma mais produtiva. Assistiremos a um verdadeiro boom de plataformas que oferecem professores, instrutores, mestres das mais diversas áreas. Como consequência, haverá também um incremento das habilidades e capacidades dos indivíduos e dos grupos sociais.
6 – A-commerce, processos de compra automatizados. A inteligência artificial liga-se ao comércio e crescerá a procura de interação sem contato físico direto, convergindo com os avanços da robótica. É a chegada de uma nova geração de comércio automatizado a partir de bases eletrônicas: comércio virtual ou venda não-presencial, que é um tipo de transação comercial feita especialmente através de um equipamento eletrônico, como, por exemplo, computadores, tablets e smartphones.
7 – Síndrome do burnout. Essa síndrome é um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso, cuja causa está intimamente ligada à vida profissional. Ainda antes da atual crise global provocada pelo coronavírus, já vivíamos em clima de medo e angústia de uma crise econômica, pressionados por uma competição social permanente, com a preocupação com a questão do clima. O vírus acrescenta angústia mental a todos nós, pelo que vamos receber de braços abertos todos os negócios que possam melhorar o nosso bem-estar mental.
8 – Soluções “open source”. Também chamado de “software de código aberto”, o open source é o programa de computador cujo código-fonte é disponibilizado e licenciado com uma licença de código aberto, no qual o direito autoral fornece o direito de estudar, modificar e distribuir o software de graça para qualquer um e para qualquer finalidade. Esses programas costumam ser definidos como “uma nova e ousada fronteira para a sustentabilidade”, quando se partilha e distribui soluções inovadoras para problemas difíceis. O coronavírus propiciará o desenvolvimento da convicção de que as melhores empresas são aquelas que colaboram generosamente umas com as outras e com outras pessoas.
9 – Desenvolvimento assistido. Será um dos resultados certeiros do tempo que passaremos em casa em situação de isolamento social. Muitos de nós iremos resgatar e recuperar capacidades muitas vezes esquecidas na corrida do dia-a-dia. Exemplo: cozinhar para nós mesmos. Ao mesmo tempo, continuará a crescer a economia do on-demand, mas, ao mesmo tempo, quando a crise passar, alguns de nós irão descobrir que podemos fazer, em casa, uma porção de coisas úteis com o uso de nossas próprias mãos e talentos. E, mais ainda, iremos descobrir que essas atividades podem dar prazer e que gostamos delas.
10 – Símbolos virtuais de status. De acordo com os estudos desenvolvidos pela plataforma Trend Watching, especializada em tendências, formamos uma sociedade obcecada com o status. Mas os tempos deixam de ser uma era voltada para os bens materiais, e cada vez mais passam a ser um tempo de valorização dos bens virtuais, como as novas tecnologias AR (realidade aumentada), e blockchain (um serviço de explorador de blocos do Bitcoin, bem como uma carteira de criptomoedas que suporta Bitcoin, Bitcoin Cash e Ethereum. Esse serviço também fornece gráficos de dados, estatísticas e informações do mercado do Bitcoin). Já era crescente o desejo de um consumo mais sustentável. Com o atual isolamento social forçado, o reconhecimento dos bens virtuais afirma-se como um símbolo de status genuíno em diferentes industrias e geografias. E não será apenas entre os jovens consumidores e os videogamers, pois ele rapidamente passará a interessar todos os demais segmentos da nossa sociedade.(Via:247/OASÍS)
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