Nas reportagens que tem feito sobre o escândalo Fifa, em que é acusada de participar de um esquema de propinas de R$ 50 milhões para garantir direitos de exclusividade nas Copas do Mundo de 2026 e 2030, e também em torneios sul-americanos, a Globo tem afirmado que o delator Alejandro Burzaco, da empresa Torneos y Competencias, não esclareceu como a propina teria chegado às mãos do cartola argentino Julio Grondona, já falecido, que negociava os direitos de transmissão.
Nada mais falso. A ata do depoimento de Burzaco em seu segundo dia de depoimento, ocorrido nesta quarta-feira 15, foi obtida pela reportagem do 247 e mostra com clareza como dinheiro saiu do caixa da Globo e parou nas contas de Grondona. "Os direitos foram transmitidos à Teleglobo no Brasil. Para isso, a T&T Netherlands recolheria da Teleglobo e usaria parte dos fundos da T&T Netherlands para pagar subornos", disse Burzaco. Ele afirma ainda que os direitos de transmissão foram negociados abaixo do valor real de mercado, justamente para que houvesse espaço para propinas.
Em seu depoimento, em que a Globo é citada 14 vezes, ele também detalha propinas pagas a José Maria Marin e Marco Polo del Nero, o ex e o atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol. Só na Copa América de 2015, o equivalente a R$ 10 milhões teria sido pago à dupla e a Ricardo Teixeira, que os antecedeu no cargo. Marin é citado 32 vezes no documento desta quinta-feira 16 – Del Nero aparece em 41 citações.
Burzaco também afirma que a T&T Netherlands foi criada na Holanda justamente com o propósito de pagar propinas.(247).
Confira, abaixo, a íntegra do documento:
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