A
CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) vai aproveitar a
Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, evento que ocorre entre
os dias 23 e 38 de julho com a presença do papa Francisco, para
distribuir 2 milhões do “Manual da Bioética para Jovens”. Com linguagem
científica, a publicação classifica o uso das pílulas anticoncepcionais e
do dia seguinte, além do DIU (dispositivo intra-uterino) como abortivos
e condena a prática.
A publicação da fundação francesa Jeròme
Lejeune trata, em 65 páginas divididas em sete capítulos, do aborto e
de métodos contraceptivos com base nos dogmas católicos. Um capítulo da
publicação fala sobre eutanásia e uso de células tronco. Para
especialistas, o manual é um desserviço aos jovens, pois não lhes dá o
direito a uma informação técnica sem valores religiosos.
A publicação também diz que a mulher
vítima de estupro que ficar grávida deve ter a criança. O manual não
trata de prevenção à gravidez e nem mesmo à doenças sexualmente
transmissíveis.
É a primeira vez que a publicação será
distribuída no Brasil. Existem edições na França e Portugal, onde o
aborto é permitido por lei. Nas publicações desses países existem
tópicos que mostram a legislação sobre o tema.
De acordo com o padre Rafael Cerqueira
Fornasier, assessor da Comissão para a Vida e Família da CNBB, os
trechos que falam sobre a legislação dos países europeus foram retirados
do manual que será distribuído durante a JMJ porque a edição será
publicada em quatro línguas – português, espanhol, inglês e francês.
“Como o evento é internacional, com
pessoas de vários países, ia ficar complicado colocar a legislação dos
países de cada língua, então deixamos só algumas referências das leis de
alguns lugares”, disse Fornasier.
A iniciativa da CNBB tem como objetivo
“acabar com a banalização” desses temas entre os jovens. Segundo o
assessor da comissão, o manual foi redigido com fundamentos científicos,
mas com uma abordagem fácil e baseado na ética cristã.
“Estamos envolvidos em debates que tocam
a vida, como o aborto e a eutanásia. Os jovens se questionam, ainda
mais hoje, com os avanços tecnológicos. A vida é uma grande questão para
nós”, afirmou o padre.
Segundo dom João Carlos Petrini, bispo
de Camaçari (BA) e presidente da Comissão para a Vida e Família da CNBB,
a ideia é que os jovens que receberem a publicação a levem para suas
comunidades, grupos, amigos e paróquias para discutir os temas
abordados.
“Às vezes, eles têm pouca informação, aí
compram a ideia da maneira mais simplificada que a mídia oferece. É uma
oportunidade única que temos, com jovens de idade semelhante, de muitos
países, com o mesmo tipo de problemática. Na juventude o cinismo não
venceu, tem ainda esse frescor”, disse Petrini. “Então esse contexto é
favorável para se dialogar.”
De acordo com o manual, todas as pílulas
contraceptivas (convencional e do dia seguinte) e o DIU produzem o
aborto. “A mentalidade contraceptiva (recusa da criança) conduz a
aceitar mais facilmente o abortamento em caso de gravidez ‘não
desejada’. A contracepção favorece relações sexuais com parceiros
múltiplos, no quadro de relações instáveis, o que multiplica de fato as
ocasiões de gravidezes não assumidas”, diz a publicação.
A medicina explica que a pílula
anticoncepcional impede a ovulação e, com isso, a fecundação. Já a
pílula do dia seguinte, usada em casos de estupro ou quando o método
anticoncepcional falhou, altera a liberação do óvulo, caso a mulher não
tenha ovulado, ou altera o endométrio (parede do útero) impedindo a
fixação do óvulo fecundado –a chamada nidação.
O DIU, que pode ser de polietileno ou
metal, é inserido no útero e interfere no transporte do espermatozoide, o
que impede a fecundação. Além disso, pode causar uma reação
inflamatória do útero, o que também impede a nidação. (UOL)
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