Por: Luciana Morosini - Diario de Pernambuco
Reprodução/Pixabay
A eleição presidencial da Argentina está marcada para acontecer daqui a um mês, no dia 27 de outubro, e o resultado das urnas no país vizinho ao Brasil tem mais a ver com Pernambuco do que se possa imaginar. O desempenho da economia argentina pode ter influência direta com a situação econômica local, principalmente levando em consideração que, hoje, 24% de tudo que o estado exporta vai para a Argentina. Se a instabilidade sentida por lá já está refletindo aqui, com queda de 60% na exportação para a Argentina e de 41% no geral entre janeiro e agosto deste ano, o cenário não tende a ser mais favorável após a votação em terras portenhas, podendo se complicar ainda mais a depender de quem vença a eleição.
As exportações de Pernambuco ainda são muito dependentes do mercado argentino. "Somos o estado do Brasil mais dependente de exportações para a Argentina, seguido do Amazonas e de São Paulo. A gente não consegue uma retomada porque tem uma cultura exportadora muito forte que depende de um mercado que está em baixa. Nossa exportação para a Argentina caiu 60% de janeiro a agosto em relação ao mesmo período do ano passado e as exportações do estado caíram 41% de uma forma geral", explica Rafael Araújo, analista do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe).
E o cenário não tem expectativa de melhora a curto prazo, podendo, inclusive, ficar pior dependendo do resultado das eleições. Ainda que a Argentina enfrente uma forte recessão econômica, com depreciação do peso e inflação alta, que chegou a 55% no acumulado dos últimos 12 meses, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a reeleição de Maurício Macri desponta como um cenário menos negativo, mas ainda assim longe do ideal. Porém, nas eleições primárias, realizadas em agosto e que servem como prévia, a chapa de oposição formada pelo candidato de centro-esquerda Alberto Fernández e a ex-presidente Cristina Kirchner, investigada por corrupção, venceu de lavada.
"A eleição traz um cenário ruim. Se Macri vencer, pode trazer algum mínimo de estabilidade, mas nenhuma melhora em pelo menos um ano. Depois, só se ele implementar reformas mais duras e, por ser um segundo mandato, ele pode até fazer. Já com a eleição do candidato de Kirchner, a curto e médio prazos a expectativa é muito ruim. O risco de calote é alto, vão embora as reservas internacionais e o valor do peso dispara", afirma Araújo.
Desta forma, a tendência é de uma queda mais acentuada das exportações, já que o poder aquisitivo dos argentinos tende a diminuir, o que impacta diretamente nas remessas de Pernambuco para o país vizinho, já que os produtos exportados são de alto valor agregado. A indústria automotiva é um alvo relevante. Mais de 60% dos carros comprados na Argentina são do Brasil e, de janeiro a julho deste ano, a exportação de veículos brasileiros caiu 41%. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a queda se deve principalmente pela crise no país vizinho. No âmbito estadual, de tudo que Pernambuco exporta para os hermanos, 69% correspondem a veículos.
Apesar disso, a Jeep afirma que a sua fábrica instalada no polo automotivo de Goiana, na Mata Norte do estado, ainda não sentiu os efeitos, já que uma possível queda na demanda dos argentinos foi suprida pelo aumento do consumo no Brasil, e garante que a planta opera com a capacidade máxima de produção de mil carros por dia. "A FCA acompanha com interesse a evolução da situação na Argentina, que é o segundo maior mercado automotivo da América Latina. A economia argentina está retraída no momento, mas isso não afetou nosso nível de produção, uma vez que o mercado brasileiro cresceu e absorve nossos volumes", informou em nota.
PERSPECTIVAS
Se o cenário se mostra negativo independentemente do resultado das eleições, para Pernambuco reverter as expectativas instáveis das exportações, seria preciso uma mudança de cultura nas próprias empresas. "É preciso que elas se voltem para outros mercados. Elas têm clientes já consolidados em alguns países e não investem em novos, não estudam o mercado, não conhecem novos clientes ou buscam informações. Esse seria o único jeito de mudar o cenário da exportação do estado a curto prazo", concluiu o analista da Fiepe.
Turismo também sente efeitos
A instabilidade econômica na Argentina também afeta outro setor da economia Brasileira e também pernambucana: o turismo. O país vizinho é o que mais envia turistas para o Brasil. No ano passado, 2,5 milhões de argentinos visitaram cidades brasileiras, número muito acima dos Estados Unidos, segundo colocado do ranking, com 538 mil turistas, segundo dados do Ministério do Turismo. Só em Porto de Galinhas, foram 100 mil visitantes argentinos ao longo de 2018, número que já apresentou queda nos primeiros meses deste ano e que pode ser ainda mais afetado com o resultado das eleições.
Segundo Brenda Silveira, diretora executiva do Porto de Galinhas Convention Bureau, a queda neste ano no número de argentinos na praia do Litoral Sul foi de 12%, mas que, ainda assim, o número de turistas hermanos ainda é muito alto. "A Argentina tem uma peculiaridade que é um povo que ama muito viajar. Tudo gira em torno do dólar, teve uma desaceleração pequena, mas continua vendendo muito bem. A Argentina é o principal país emissor para Porto de Galinhas", afirma. Porém, existe um receio por conta das eleições. "O que a gente teme é que, com as eleições, haja uma mudança cambial maior e, se ela acontecer, a gente começa a se preocupar", acrescenta.
As exportações de Pernambuco ainda são muito dependentes do mercado argentino. "Somos o estado do Brasil mais dependente de exportações para a Argentina, seguido do Amazonas e de São Paulo. A gente não consegue uma retomada porque tem uma cultura exportadora muito forte que depende de um mercado que está em baixa. Nossa exportação para a Argentina caiu 60% de janeiro a agosto em relação ao mesmo período do ano passado e as exportações do estado caíram 41% de uma forma geral", explica Rafael Araújo, analista do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe).
E o cenário não tem expectativa de melhora a curto prazo, podendo, inclusive, ficar pior dependendo do resultado das eleições. Ainda que a Argentina enfrente uma forte recessão econômica, com depreciação do peso e inflação alta, que chegou a 55% no acumulado dos últimos 12 meses, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a reeleição de Maurício Macri desponta como um cenário menos negativo, mas ainda assim longe do ideal. Porém, nas eleições primárias, realizadas em agosto e que servem como prévia, a chapa de oposição formada pelo candidato de centro-esquerda Alberto Fernández e a ex-presidente Cristina Kirchner, investigada por corrupção, venceu de lavada.
"A eleição traz um cenário ruim. Se Macri vencer, pode trazer algum mínimo de estabilidade, mas nenhuma melhora em pelo menos um ano. Depois, só se ele implementar reformas mais duras e, por ser um segundo mandato, ele pode até fazer. Já com a eleição do candidato de Kirchner, a curto e médio prazos a expectativa é muito ruim. O risco de calote é alto, vão embora as reservas internacionais e o valor do peso dispara", afirma Araújo.
Desta forma, a tendência é de uma queda mais acentuada das exportações, já que o poder aquisitivo dos argentinos tende a diminuir, o que impacta diretamente nas remessas de Pernambuco para o país vizinho, já que os produtos exportados são de alto valor agregado. A indústria automotiva é um alvo relevante. Mais de 60% dos carros comprados na Argentina são do Brasil e, de janeiro a julho deste ano, a exportação de veículos brasileiros caiu 41%. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a queda se deve principalmente pela crise no país vizinho. No âmbito estadual, de tudo que Pernambuco exporta para os hermanos, 69% correspondem a veículos.
Apesar disso, a Jeep afirma que a sua fábrica instalada no polo automotivo de Goiana, na Mata Norte do estado, ainda não sentiu os efeitos, já que uma possível queda na demanda dos argentinos foi suprida pelo aumento do consumo no Brasil, e garante que a planta opera com a capacidade máxima de produção de mil carros por dia. "A FCA acompanha com interesse a evolução da situação na Argentina, que é o segundo maior mercado automotivo da América Latina. A economia argentina está retraída no momento, mas isso não afetou nosso nível de produção, uma vez que o mercado brasileiro cresceu e absorve nossos volumes", informou em nota.
PERSPECTIVAS
Se o cenário se mostra negativo independentemente do resultado das eleições, para Pernambuco reverter as expectativas instáveis das exportações, seria preciso uma mudança de cultura nas próprias empresas. "É preciso que elas se voltem para outros mercados. Elas têm clientes já consolidados em alguns países e não investem em novos, não estudam o mercado, não conhecem novos clientes ou buscam informações. Esse seria o único jeito de mudar o cenário da exportação do estado a curto prazo", concluiu o analista da Fiepe.
Turismo também sente efeitos
A instabilidade econômica na Argentina também afeta outro setor da economia Brasileira e também pernambucana: o turismo. O país vizinho é o que mais envia turistas para o Brasil. No ano passado, 2,5 milhões de argentinos visitaram cidades brasileiras, número muito acima dos Estados Unidos, segundo colocado do ranking, com 538 mil turistas, segundo dados do Ministério do Turismo. Só em Porto de Galinhas, foram 100 mil visitantes argentinos ao longo de 2018, número que já apresentou queda nos primeiros meses deste ano e que pode ser ainda mais afetado com o resultado das eleições.
Segundo Brenda Silveira, diretora executiva do Porto de Galinhas Convention Bureau, a queda neste ano no número de argentinos na praia do Litoral Sul foi de 12%, mas que, ainda assim, o número de turistas hermanos ainda é muito alto. "A Argentina tem uma peculiaridade que é um povo que ama muito viajar. Tudo gira em torno do dólar, teve uma desaceleração pequena, mas continua vendendo muito bem. A Argentina é o principal país emissor para Porto de Galinhas", afirma. Porém, existe um receio por conta das eleições. "O que a gente teme é que, com as eleições, haja uma mudança cambial maior e, se ela acontecer, a gente começa a se preocupar", acrescenta.
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