A tragédia foi anunciada. O Museu Nacional tomado pelo fogo com suas mais de 20 milhões de peças de arte completou 200 anos em 6 de junho à míngua, com salas interditadas e uma lista infindável de obras de manutenção a serem feitas. Tentativas de arrecadação pela direção do Museu foram feitas para minimizar o avanço dos danos estruturais, que iam desde cupim a infiltrações. O desastre fiscal de Temer e Meirelles aprofundou a crise financeira do maior e mais importante Museu do país, agora consumido pelas chamas.
A situação dramática do Museu Nacional já vinha sendo noticiada pela imprensa. Antes de seu bicentenário, alertava-se para o fato de que 10 de suas 30 salas de exposição estavam fechadas, incluindo algumas das mais populares, como a que guarda um esqueleto de baleia jubarte e a do Maxakalisaurus topai —o dinoprata, primeiro dinossauro de grande porte já montado no Brasil.
Para reativar a sala, interditada após um ataque de cupins, o museu armou uma campanha de financiamento coletivo na internet, no ar até 4 de junho que chegou a arrecadar R$ 40 mil (a meta era de R$ 50 mil).
O volume de obras liberadas para visitação era de menos de 1% do acervo —que tem cerca de 20 milhões de objetos. Entre os principais itens, o meteorito do Bendegó, o maior já encontrado no país, e a coleção de múmias egípcias, a primeira das Américas.
A decadência física do prédio era visível para os visitantes, que pagavam R$ 8 pelo ingresso inteiro. Muitas de suas paredes estavam descascadas, havia fios elétricos expostos e má conservação generalizada.
O colunista do 247, Daniel Saman, destaca em seu Facebook que o incêndio que consumiu o mais importante Museu o país é resultado da política de desmonte do Estado brasileiro. Ele aponta a emenda Constitucional 95 como responsável pelo aprofundamento da crise no Museu:
“O incêndio do Museu Nacional da UFRJ na Quinta da Boa vista, no Rio de Janeiro, é uma tragédia sem precedentes.
Este é o resultado da política de desmonte do Estado brasileiro a partir da aprovação da maldita Emenda Constitucional 95, que interrompe os investimentos nas áreas sociais, dentre elas, Educação, Ciência e Tecnologia por 20 anos. Neste ano (2018), o corte de verbas só para o Museu Nacional foi da ordem de 85%.
Perde a Academia, perde a Ciência, perde a Memória, perde a Educação, perde a Cultura, perde o Brasil. 247
Não foi acidente. Trata-se da aplicação de um projeto político.”
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