Jair Bolsonaro, candidato à Presidência pelo PSL, anunciou seu vice neste domingo 5. Após negociações frustradas com a advogada Janaína Paschoal e sondagens ao 'príncipe' Luiz Phillipe, descendente da família imperial, o deputado confirmou a escolha do nome do general da reserva Hamilton Mourão como integrante de sua chapa. Integrante da "linha dura" das Forças Armadas, é um confesso admirador do torturador Carlos Bilhante Ustra, a quem qualifica de "herói", como Bolsonaro. Em 2017, defendeu um novo golpe militar.
Um perfil do general
Antonio Hamilton Martins Mourão ingressou no Exército em 1972, na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, no Rio de Janeiro, também frequentada por Bolsonaro. Foi instrutor da mesma academia, cumpriu missão de Paz em Angola e foi adido militar do Brasil na Venezuela. Ele também comandou a 6ª Divisão de Exército e o Comando Militar do Sul.
Embora também seja militar, Bolsonaro tem um currículo bem mais modesto que o de seu vice no Exército. O presidenciável chegou a capitão, enquanto Mourão foi general de exército, segunda patente mais alta da corporação.
Nos últimos anos, Mourão passou a adotar um perfil linha dura semelhante ao de Bolsonaro. Em seu último discurso como general no Salão de Honras do Comando Militar do Exército, no fim do ano passado, chamou o torturador Carlos Bilhante Ustra de "herói".
Chefe do DOi-Codi quando foram registradas 45 mortes e desaparecimentos de presos políticos, segundo a Comissão Nacional da Verdade, Ustra também costuma ser enaltecido por Bolsonaro. Na sessão da Câmara que aprovou o impeachment contra Dilma Rousseff, o presidenciável referiu-se ao torturador como o "terror" da ex-presidenta. Em recente entrevista ao Roda Viva, Bolsonaro disse que seu livro de cabeceira era "Verdade Sufocada", de autoria de Ustra.
Antes de deixar o cargo de secretário de Economia e Finanças do Comando do Exército e seguir para a reserva, Mourão causou enorme polêmica ao defender, em uma palestra promovida pela maçonaria em Brasília em 2017, uma possível intervenção das Forças Armadas caso as instituições não resolvessem "o problema político"
À época, o militar afirmou que ou o Judiciário retirava da vida pública "esses elementos envolvidos em todos os ilícitos" ou o Exército teria de "impor isso". Ele afirmou que não existe uma fórmula de bolo para uma revolução ou uma intervenção, mas que haveria "planejamentos muito bem feitos".
Muitos cobraram à época uma punição para o general, mas Villas Bôas preferiu resolver o caso internamente e acelerar a aposentadoria de Mourão.
Em 2015, o comandante do Exército também resolveu internamente outra polêmica. Exonerou Mourão do Comando Militar do Sul e o transferiu para a secretaria de Finanças após seu subordinado criticar abertamente o governo de Dilma Rousseff.
Há três anos, Mourão chegou a afirmar em uma apresentação que a mera substituição da petista, embora necessária em sua visão, não traria uma mudança significativa no "status quo", que dependeria do "despertar para a luta patriótica".(247)
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