Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania
Apesar de não ter o potencial político de Lula, Dilma Rousseff, com seus périplos denunciantes pelo mundo, virou uma pedra no sapato dos golpistas – incluída, aí, a dita “operação policial” que viabilizou a desestruturação da economia e, portanto, o golpe.
Dilma não para. Toda a luta política que deveria ter travado no seu governo – entre 2011 e 2015 – ela deixou para travar pouco antes do seu afastamento da Presidência. E não parou até hoje de lutar. E, como não para, virou um problema.
Os frequentes périplos de Dilma pelo exterior maculam a imagem do governo Temer, o que lhe gera muitas dificuldades devido à verossimilidade das acusações da antecessora.
Além disso, a aura de honorabilidade de Dilma não combina com o afastamento do cargo por “crime de responsabilidade”. O interesse em anular a atividade política da ex-presidente, portanto, é óbvio.
Tão óbvio quanto os nomes dos interessados…
Enfim, o fato é que apareceram, caíram do céu os instrumentos para pôr em xeque a credibilidade de uma presidente deposta por razões pouco claras e, até então, impermeável a denúncias de corrupção.
A delação do casal de marqueteiros João Santana e Monica Moura ainda pode, no limite, encarcerar aquela que tanto vem incomodando o presidente Michel Temer, que tanta simpatia desperta no Judiciário.
A mulher de Santana contou uma história digna dos melhores ficcionistas. Uma fórmula aparentemente segura de ela e Dilma planejarem crimes.
A empresária entregou ao Ministério Público Federal um registro com as imagens de e-mail que diz ter usado para trocar mensagens com a ex-presidente Dilma Rousseff. As fotografias estão em uma Ata Notarial lavrada em 13 de julho de 2016 no 1º Tabelionato Giovannetti em Curitiba.
Monica afirmou em delação premiada que criou “no computador da presidente” uma conta de e-mail com nome e dados fictícios, com senha compartilhada entre as duas e o ex-assessor de Dilma Giles Azevedo.
Segundo a delatora, ela e a então presidente combinaram que, se houvesse notícia sobre avanço da Lava Jato em relação ao casal, o aviso seria feito através desse e-mail. As mensagens escritas pela presidente ficariam na caixa de rascunhos do e-mail, para não circularem, e Mônica acessaria a conta de onde estivesse.
Analisemos a fala dessa senhora:
— Eu criei um email no computador dela, sentada lá no Alvorada, o Giles [Azevedo] estava do lado (…) e eu, no lap top dela, no computador dela, criei um gmail (…)
Ora, está dito pela delatora que criou o email em conjunto com Dilma no computador dela, na residência oficial dela. Monica foi presa em fevereiro de 2016. Um dia antes diz que salvou uma mensagem para Dilma, através do método que descreve.
Tudo isso tem que estar registrado. O Google tem que informar se esse email foi criado nessa data. O provedor de internet tem que dizer se houve acesso a essa página do gmail no computador de Dilma.
Será que desde fevereiro de 2016 – um ano e três meses atrás – a Lava Jato não conseguiu confirmar esses dados? Isso pode ser resolvido em horas ou, no máximo, em dias pela toda-poderosa Operação Lava Jato. (247).
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