Senadores enviaram documento ao STF detalhando quais crimes os investigados pela CPI da Covid teriam cometido durante a pandemia
A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou, em nota pública, nesta sexta-feira, 18, que vai avaliar o documento que senadores enviaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) detalhando quais crimes os investigados pela CPI da Covid teriam cometido durante a pandemia. “A PGR esclarece ainda que as equipes que atuam no caso avaliarão o conteúdo e adotarão as providências cabíveis", diz a nota.
O envio do documento ao STF foi uma forma de pressionar a PGR, comandada por Augusto Aras, a encaminhar as denúncias da comissão. O documento é endossado pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede), vice-presidente da CPI, Renan Calheiros (MDB), relator, e Omar Aziz (PSD), presidente da comissão.
A PGR alegou falta de documentos detalhados acerca dos investigados para justificar o atraso na conclusão dos trâmites. Os senadores, no entanto, apontam que a inconclusão é uma manobra de Aras, que atua para favorecer Jair Bolsonaro (PL) para sabotar os desdobramentos da investigação. O relatório final da CPI, elaborado por Renan Calheiros, pediu o indiciamento de 80 pessoas, sendo 13 com foro privilegiado, incluindo Jair Bolsonaro e ministros do governo.
Segundo a PGR, o envio do documento ao STF comprova que as críticas apresentadas pelo procurador Augusto Aras acerca do primeiro envio do material estavam corretas, pois “o material inicialmente enviado à PGR não atendia aos requisitos legais o que, poderia prejudicar o exercício da ampla defesa e do contraditório”. O grupo liderado por Aras afirmou que, em mais de uma oportunidade, os senadores foram informados sobre os riscos de se apresentar um material extenso e sem a devida correlação entre cada fato típico praticado e os documentos pertinentes.
Aras argumenta que o relatório, de cerca de 1,2 mil páginas, estava “desorganizado”. "A CPI dizia entregar as provas que estariam vinculadas aos fatos de autoria daquelas pessoas indiciadas. Ocorre que não houve a entrega dessas provas", declarou Aras no início da semana. "A PGR recebeu um HD com 10 terabytes de informações desconexas e desorganizadas".
Os senadores, no entanto, apontam que Aras é um aliado de Jair Bolsonaro e, por isso, não encaminhou as denúncias. Os parlamentares da CPI, notadamente o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede), ameaçaram entrar com um pedido de impeachment contra Aras, o que motivou o senador Flávio Bolsonaro (PL) a entrar com uma representação contra o congressista de Rede no Conselho de Ética do Senado. 247