A
seca é antiga, cíclica, previsível e pode-se conviver com ela de
maneira sustentável, desde que se faça uso de soluções tecnológicas e
alternativas adequadas. Esta foi uma das afirmativas de destaque feitas
pelo chefe-geral da Embrapa Semiárido (Petrolina/PE), Natoniel Franklin
de Melo, em palestra sobre tecnologias da Embrapa aplicadas ao
Semiárido, em audiência pública na Assembleia Legislativa de Sergipe
semana passada.
Atendendo a convite do deputado estadual
João Daniel, e acompanhado pelo chefe-geral da Embrapa Tabuleiros
Costeiros (Aracaju, SE), Edson Diogo Tavares, Natoniel falou para um
parlamento lotado de deputados, prefeitos de municípios castigados pela
seca, agentes públicos das três esferas de governo, dirigentes de
movimentos populares ligados ao campo e populações tradicionais – MST,
Quilombolas, Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Sergipe
(Fetase), entre outros.
Na audiência intitulada ‘Adaptação,
desafios e perspectivas da seca no Semiárido’, o chefe de uma das oito
Unidades da Embrapa localizadas no Nordeste fez uma caracterização da
região e seus aspectos climáticos e de solo, além de abordar aspectos
relevantes na adaptação do pequeno agricultor na região do Semiárido
sergipano e nordestino.
“O primeiro ponto que devemos ressaltar é
que o Semiárido brasileiro não é uma região tão uniforme quanto se
imagina. Dentro dele encontramos cerca de 110 unidades de paisagem
distintas, com condições de clima, solo e vegetação diferentes, e as
soluções devem ser adequadas a cada caso específico. Não dispomos de uma
tecnologia que possa ser aplicada de forma geral a todo o Semiárido”,
explica.
Outro aspecto crucial frisado pelo
chefe-geral da Embrapa Semiárido é que a água é o componente essencial
de todos os agroecossistemas em questão. Segundo ele, as tecnologias e
alternativas de captação e aproveitamento da escassa água da região são o
principal fator de uma convivência sustentável com a falta de chuvas.
“As variadas técnicas de captação da
água da chuva, extração de águas subterrâneas e tratamentos para redução
de sua salinidade, a construção de barragens subterrâneas, entre
outras, são fundamentais para que as tecnologias agrícolas tenham
sucesso”, reforçou.
Entre as soluções destacadas por
Natoniel estão materiais genéticos desenvolvidos pela Embrapa e
adaptados às condições do Semiárido, como as variedades de milho
Gorutuba e Caatingueiro, o uso de inoculantes com bactérias
diazotróficas que dão maior resistência às plantas nessas condições,
técnicas de manejo adequado das culturas e sugestões de diversificação
da produção com fruteiras resistentes à seca, como o umbuzeiro e
forrageiras e leguminosas que podem servir de alimento para os animais,
como o sorgo e a gliricídia.
O pesquisador defendeu medidas de
natureza não emergencial, mas estruturantes e duradouras. “Num período
de seca severa como estamos atravessando agora, não há muito o que se
fazer a não ser se preparar para o longo prazo, com implementação de
práticas que se tornem de fato políticas de Estado”, defendeu.
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