Em fila indiana e com uma movimentação tranquila, os excluídos gritaram, de máscara, nesta terça-feira, 7 de setembro, da Praça do Derby, área central do Recife até a Praça do Carmo, no bairro de Santo Antônio em prol do “Fora Bolsonaro”. Representando a esquerda, a 27ª edição do Grito dos Excluídos e das Excluídas, realizado pelo Fórum Dom Helder Câmara, teve como lema “Na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda já!”, e contou com a participação de diversos grupos e movimentos, além de políticos. Manifestações contra e a favor do chefe de Estado aconteceram em todo o País.
A concentração do ato foi às 10h, e saiu da praça do Derby por volta das 11h. Carros com bandeiras do Brasil que passavam na Avenida Governador Agamenon Magalhães no sentido Boa Viagem - onde teve, nesta terça-feira (7), uma carreata e uma manifestação em prol do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) -, buzinavam contra o ato dos excluídos, onde pequenos e grande grupos, além de pessoas sozinhas se concentravam para percorrer toda a avenida Conde da Boa Vista. Um dos pleitos dos movimentos presentes no Grito era a descaracterização da bandeira do Brasil estar atrelada à direita e ao presidente Bolsonaro. Faixas e cartazes com frases como "Onde queres fuzil, sou feijão", "Impeachment e prisão", "Não à reforma administrativa", "Fora genocida" "Fora Bolsonaro", tomaram a avenida.
O estudante de história João Pedro Pereira, falou da relevância histórica do registro do ato, principalmente "nesse tempo de independência". "Mulheres negras, homens negros, a comunidade LGBT, as mulheres, são pessoas que não tem acesso e as mesmas oportuniadades no ambiente de trabalho e na sociedade. É fundamental hoje, principalmente no governo Bolsonaro, a gente estar aqui e além de defender as minorias sociais, defender a democracia, que vem sendo atacada cotidianamente em atos e decretos do governo federal".
A professora e médica aposentada disse que sempre foi ao ato, desde "quando meus filhos ainda eram pequenininhos". "O ato tem como objetivo trazer a voz de quem está fora, de quem é excluído e precisa ter voz. Esse ano a importância é dizer não a Bolsonaro, não a tudo o que está acontecendo, ao projeto ditador, não ao golpe, não a toda tragédia que o Brasil está vivendo com a pandemia, desemprego e fome".
Representantes políticos como a deputada federam Marília Arraes (PT), que ressaltou o Brasil estar vivendo uma polarização entre defesa e ataque à democracia, também estavam no movimento. "É importante que a gente vá às ruas, que a gente tenha esses atos, que sejam de conscientização das pessoas para que a gente proteja o país e também que a gente venha, em 2022, garantir que Bolsonaro não seja reeleito. Isso é absolutamente inaceitável e a gente tem que deixar o recado que não aceita mais esse tipo de postura, o mundo tá com os olhos em Bolsonaro e tá notando que esse desespero é porque não consegue gerir o país".
A deputada estadual Jô Cavalcanti, das Juntas (PSOL), reforçou que especialmente neste ano, o grito é "por conta do negacionismo que estamos vivendo". " O povo tem que estar na mobilização, na rua, porque é um marco histórico para nós que fazemos movimentos sociais e estamos na esquerda porque o povo hoje precisa desse grito porque tem gente com fome, voltando à pobreza". Por sua vez, o vereador Ivan Moraes (PSOL) pontuou que é um ato "de gente que gosta de gente". "É sempre um momento que agrega a diversidade dos movimentos dos direitos humanos, por exemplo. Agora em 2021 o grito ganha um novo componente, quis o destino que fosse o 7 de setembro, que o ainda presidente provocou atos a seu favor".
A vereadora Dani Portela (PSOL) ratificou a necessidade de gritar pelas quase 600 mil vidas perdidas pela Covid-19. " Com notícias falsas, Bolsonaro tem propagado o ataque às instituições, isso fragiliza uma democracia que é tão recente, foram mais de 20 anos de ditadura militar. A nossa democracia é recente e a gente precisa tá lembrando o que foi a ditadura militar, Bolsonaro tem como livro de cabeceira o coronel Brilhante Ustra, um dos maiores torturadores da história. Precisamos resgatar nossos símbolos e signos nacionais, a bandeira do Brasil não é de Jair Messias Bolsonaro, a bandeira do Brasil é do povo brasileiro, dos excluídos da nossa nação que precisam ter voz e vez e que não serão mais silenciados", sublinhou. O deputado estadual João Paulo (PCdoB) relembrou que o movimento começou pequeno, mas se tornou um elemento fundamental em defesa da democracia. "Um movimento pacífico, tranquilo, e acredito que ele vai cada vez mais ganhar força não só aqui em Pernambuco, mas em todo o Brasil mostrando a insatisfação e a nossa defesa dos direitos humanos e da democracia contra um governo tirano que estamos vivendo".
Representando a Casa Hebert de Souza e o Instituto Religioso Missionário Franciscano, o Frei Carlos afirmou que Bolsonaro é "controlado por um sistema político que tem um interesse político e religioso". "Ele consegue se alienar junto com os pastores das igrejas cristãs conservadoras que querem o poder, aliena o seu rebanho para uma política de autoritarismo, onde não tem democracia e ele é uma criatura que vem trazer isso e muitos estão seguindo pela questão dos interesses políticos e financeiros. Alguns pastores da Assembleia de Deus que vivem nessa linha".
A cacica Valquíria Kyalônã do povo Karaxu Wanassu disse estar pleiteando políticas públicas para os indígenas. "É uma emergência de vários povos. A gente se organizou para poder pleitear políticas públicas e também poder se organizar com relação ao nosso território, em busca dele pra a gente poder se auto afirmar e autodeclarar realmente como somos, que somos indígenas".