terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Novo vírus descoberto em Belo Horizonte não apresenta risco aos seres humanos, diz pesquisador


Sputnik - Pesquisadores brasileiros da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) descobriram na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, um novo tipo de vírus.
Segundo dados publicados na revista científica bioRxiv, 90% do DNA desse novo novo vírus é desconhecido. Apenas seis genes apresentam alguma semelhança com sequenciamentos já documentados.
O Yaravírus, que recebeu este nome para homenagear Iara, entidade do folclore brasileiro, foi descoberto enquanto os coordenadores da pesquisa, Jônatas Abrahão, virologista da UFMG, e Bernard La Scola, da Universidade Aix-Marseille na França, procuravam por vírus gigantes.
Em entrevista à Sputnik Brasil, Jônatas Abrahão explicou que vírus gigantes são aqueles que tem o tamanho de uma bactéria e que possuem grande código genético.
“Os vírus gigantes são vírus complexos que conseguem ter algum tipo de autonomia quando infectam uma célula. A grande maioria deles infecta amebas de vida livre”, disse.
Jônatas Abrahão disse que a Lagoa da Pampulha facilita a formação de vírus novos, como o Yaravírus.
“A Lagoa da Pampulha, assim como diversas lagoas urbanas, tem uma alta concentração de matéria orgânica, seja pelo esgoto doméstico ou por tudo que a cerca. Amebas de vida livre gostam e precisam de locais com um alto teor de matéria orgânica”, contou.
Apesar do alto teor de matéria orgânica, o pesquisador explicou que o Yaravírus não oferece nenhum risco à espécie humana.
“Fizemos vários testes em laboratório, tanto no Brasil quanto na França, e esse vírus não é capaz de infectar células humanas, ele é um vírus exclusivo de amebas. Todo mundo pode ficar despreocupado”, afirmou.
Jônatas Abrahão contou, no entanto, que agora os cientistas estão sem verbas para continuar a pesquisa, mas quando conseguirem o fomento necessário, vão focar em descobrir mais detalhes desses genes desconhecidos.
“A pesquisa no momento ela vai parar, porque o financiamento de fato acabou, a gente está esperando novas chamadas do governo para fazer pesquisa base. Mas assim que a gente receber algum tipo de aporte, ou público ou privado, a gente pretende entender como funciona cada um desses genes e como esses genes poderiam ser utilizados para demandas de interesse humano ou até mesmo para processos biológicos até então não descritos”, completou.

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