quarta-feira, 1 de maio de 2019

Neste 1º de Maio, quem reina é o desemprego

Segundo o IBGE, taxa de desocupação já cresceu 10,2% no País em 2019, deixando 13,4 
milhões de pessoas sem trabalho
  Por: Juliana Albuquerque, da Folha de Pernambuco
Desemprego
DesempregoFoto: Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

Uma população formada por 13,4 milhões de brasileiros não tem motivos para comemorar este Dia do Trabalho. É que, de acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, divulgada nessa terça-feira (20) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse é o total de desempregados no País no primeiro trimestre de 2019. Isto significa que a taxa de desocupação já cresceu 10,2% neste ano, fazendo com que 1,2 milhão de pessoas entrassem na lista do desemprego entre janeiro e março. 

É gente como a promotora de vendas Gerlândia Priscila, 36 anos, que ficou sem trabalho há um mês. “Após dois anos empregada, ainda estou me adaptando ao desemprego. Mas, diante desse cenário econômico do País, fico com medo de quanto tempo irei ficar sem trabalhar”, comenta a promotora. O repositor José Isaias, 24 anos, deixou de celebrar o 1º de maio há pouco mais de um ano e confessa que a data perdeu o sentido para ele. “Quando estava trabalhando, aguardava ansioso esse feriado para sair com a família. Mas, diante de todo esse tempo sem emprego, não vejo mais motivos para comemorar o Dia do Trabalhador”, admite o repositor. 
Para especialistas, a curva crescente do desemprego no País sinaliza um Brasil ainda em ritmo lento na atividade econômica. De acordo com o professor do departamento de economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Tarcísio Patrício de Araújo, o clima de otimismo de novembro, obtido com a definição do processo eleitoral, se findou com a falta de traquejo político do atual Governo Federal e da falta de uma postura mais enfática para a aprovação de pautas prioritárias, como as reformas previdenciária e tributária. “Tanto os investidores externos quanto internos tiveram as expectativas frustradas diante do não andamento dessas pautas. Isso fez com que qualquer decisão de investir no País fosse adiada”, analisa o professor. 

Por conta disso, o economista-chefe da corretora de investimentos Necton, André Perfeito, afirma que os dados do emprego divulgados pelo IBGE confirmam um cenário mais pessimista em relação ao crescimento da economia brasileiro no início deste ano. Ele já diz até que o Produto Interno Bruto (PIB) do País pode ser de 0% no 1º trimestre. “Assumindo uma variação de 0% no 1º trimestre, seguido de uma alta de 0,3% no 2º e depois de 0,4% e 0,5%, respectivamente, a variação anual acumulada do PIB deve ser de apenas 0,91%”, calcula o economista, que antes projetava um crescimento de 0,1% no 1º trimestre.

Diante disso, Araújo acrescenta que, além de contaminar os investidores, o pessimismo também recai sobre os desempregados e até sobre os que estão empregados. “Quem está no mercado de trabalho tem medo que toda essa demora de o País retomar o desenvolvimento econômico termine influenciando na manutenção de seus empregos”, argumenta. 

A afirmação do professor pode ser confirmada pelo índice do medo do desemprego, divulgado ontem pela Confederação Nacional de Indústrias (CNI). Segundo a entidade, após encerrar 2018 com a maior queda já registrada desde o início da série, o índice registrou em abril 57,0 pontos. O número é 2 pontos maior que o de dezembro e está acima da média histórica de 49,9 pontos.

O economista da Fecomércio-PE, Rafael Ramos, pondera, por sua vez, que o aumento na taxa de desemprego nos três primeiros meses do ano é considerado algo normal. Segundo ele, trata-se de uma época de ajustes, como a redução das equipes temporárias do fim de ano. "A partir de abril, os números devem recuar diante de uma expectativa de rebaixamento da taxa de juros, prevista para maio, justamente para aquecer a economia e amenizar o nível alto desemprego ", acredita Ramos.  



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