Os novos casos caíram para menos de dez por dia em média, contra um pico de aproximadamente 50, e dois terços da ilha estão livres do vírus, segundo dados oficiais
(Foto: Reuters/Alexandre Meneghini -12.mai.2020)
Nelson Acosta e Sarah Marsh, Reutes - Reina Paula, vendedora no supermercado La Epoca, em Havana, disse que, no mesmo dia em que um trabalhador deu positivo para o exame de coronavírus, as autoridades locais mandaram o restante da equipe em uma frota de veículos para instalações de isolamento, onde passaram por testes.
Provedores de saúde localizaram seus parentes e os puseram em quarentena, enquanto canais de notícias do Estado pediam publicamente a qualquer pessoa que houvesse tido contato próximo com eles se apresentasse para evitar que o vírus se espalhasse.
"Eles seguiram as medidas clínicas como um relógio suíço", afirmou Paula, em casa depois de se recuperar da pior fase da Covid-19, doença respiratória causada pelo novo coronavírus.
Os que testaram positivo foram transferidos para um hospital, onde receberam antivirais e reforçadores do sistema imune, enquanto os outros foram mandados para duas semanas de quarentena em casa.
A história de Paula ilustra a abordagem rigorosa adotada por Cuba para conter o surto de coronavírus —ajudada pelo sistema de saúde universal, preventivo e bem equipado do país, a centralização e o uso de coerção.
Fazer isso foi politicamente vital para o Partido Comunista, que governa Cuba, que considera o forte sistema de saúde do país uma de suas maiores realizações, mesmo que tenha falhado no desenvolvimento econômico, em parte devido ao embargo comercial dos Estados Unidos.
Os novos casos caíram para menos de dez por dia em média, contra um pico de aproximadamente 50, e dois terços da ilha estão livres do vírus, segundo dados oficiais.
Segunda-feira (8) foi o nono dia consecutivo sem mortes por Covid-19, enquanto a doença altamente contagiosa continua devastando as Américas.
"Podemos estar perto de chegar ao fim da pandemia e entrar na fase de recuperação da Covid", disse o presidente Miguel Diaz-Canel no último fim de semana.
Assim como muitos países, Cuba fechou suas fronteiras e escolas no início do surto e pediu que os cubanos praticassem o distanciamento social, embora isso fosse complicado devido a longas filas diante das lojas devido à crescente escassez de produtos.
Mas Cuba rapidamente tornou obrigatório o uso de máscaras e pôs em quarentena um grande número de pessoas, em vez de apenas lhes dizer para ficar em casa.
Desobedecer as medidas da pandemia significava uma multa ou até pena de prisão. E o Estado cubano usou seu monopólio da mídia tradicional para transmitir os julgamentos por essas infrações, para dar o exemplo e educar os cidadãos sobre o vírus.
Ele também enviou dezenas de milhares de médicos de família, enfermeiros e estudantes de medicina para residências de todo o país para realizar testes, salientando a força do sistema de saúde, enquanto os recursos escassos nas últimas décadas causaram a decadência dos hospitais e a frequente falta de medicamentos.
O principal epidemiologista cubano, doutor Francisco Duran, disse que a detecção precoce, a hospitalização e a aplicação de tratamentos experimentais —muitos deles desenvolvidos pelo setor de biotecnologia do país— ajudaram a reduzir a fatalidade da Covid-19.
Com uma população de 11 milhões, Cuba relatou 2.200 casos e 83 mortes. Isso significa 0,73 mortes por 100 mil habitantes, segundo um cálculo da Universidade Johns Hopkins, ligeiramente acima da Costa Rica, com 0,20 por 100 mil, mas muito longe dos 17,4 do Brasil.
O sucesso foi aplaudido pelos cidadãos.
"Mais uma vez, nosso país mostrou que, apesar das dificuldades, sempre consegue controlar uma epidemia", disse Marina Rodriguez, moradora de Havana.
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