Via:Carlos Britto
Foto: Ilustrativa
Essa notícia interessa diretamente os produtores de manga de
Petrolina (PE), Juazeiro (BA) e região: o besouro Sternochetus mangiferae (broca-da-manga
ou gorgulho-da-manga) já foi identificado em nove municípios do Rio de Janeiro,
todos na região metropolitana da capital: Belford Roxo, Duque de Caxias, Magé,
Mesquita, Nilópolis, Niterói, Paracambi, Rio de Janeiro e Seropédica. Ainda não
há relatos da presença da praga em outros Estados brasileiros, mas a
preocupação dos especialistas é evitar que ela se aproxime das regiões de
produção comercial para consumo nacional, como São Paulo e Minas Gerais, e
daquelas que produzem para exportação, como Bahia e Pernambuco.
A pesquisadora
da Embrapa Agrobiologia (RJ) Alessandra de Carvalho explica que a manga é a
fruta com maior valor nas exportações brasileiras, tendo a União Europeia como
maior cliente, seguida dos Estados Unidos. A presença da broca pode colocar
esse setor em risco, pois há restrições à exportação de frutas e vegetais com a
presença de pragas quarentenárias, como é o caso do Sternochetus.
“A
nossa balança comercial poderia ser afetada se perdêssemos essas exportações
por causa da praga”, frisa a cientista. “Se os produtores notarem sinais da
presença do besouro, o ideal é procurar os órgãos de defesa fitossanitária
estaduais ou a Embrapa, por meio do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC).
Isso é muito importante”, recomenda, ao informar que a Embrapa
lançou uma publicação explicativa para a identificação do inseto.
Atualmente, os
municípios onde a praga foi detectada são considerados zona interditada, com
trânsito de mangas proibido para áreas livres do problema. Além disso, a movimentação
de frutos produzidos no Rio de Janeiro está condicionado à apresentação de
permissão de trânsito de vegetais com Certificação Fitossanitária de Origem
(CFO), emitido pela Coordenadoria de Defesa Sanitária Vegetal.
Caroços
Ainda não há
registros de produtos químicos ou biológicos que combatam a praga no Brasil,
por isso, o controle cultural deve ser adotado. “Neste momento, a melhor forma de
conter o avanço do Sternochetus é coletar os frutos caídos ou os caroços das
frutas consumidas e enterrá-los. Essa é uma medida preventiva já adotada na
fruticultura comercial por causa da mosca-das-frutas, e deve ser adotada também
nos quintais, uma vez que a praga não ocorre somente em áreas rurais, mas
também nas urbanas”, frisa a especialista.
Outro alerta feito
pela pesquisadora diz respeito ao trânsito de frutos: “Muito cuidado ao levar frutos de
mangueiras da região onde a praga ocorre para outros municípios. Existe uma
Instrução Normativa (IN 34, de 05/09/2017) que declara como zona interditada os
municípios onde a praga ocorre e proíbe o trânsito das mangas neles produzidas
para áreas indenes”.
A doença
Conhecido como
broca-da-manga, gorgulho-da-semente-da-manga, gorgulho-da-manga,
besouro-do-caroço ou besouro-da-manga é uma praga exclusiva dessa fruta e o seu
ciclo de vida engloba três fases: larva, pupa e adulto. As formas jovens se
desenvolvem silenciosamente dentro do endocarpo (caroço), o que dificulta muito
a sua descoberta.
Fora do fruto, o
besouro adulto costuma realizar suas principais atividades, como locomoção,
alimentação e acasalamento, durante a noite, o que também reduz as chances de
ser encontrado pelo agricultor no campo. Na fase adulta, chega a medir 9,5
milímetros e é capaz de sobrevoar distâncias curtas, se alimentando
exclusivamente de folhas, galhos e frutos da mangueira quando não está em
repouso (diapausa), sem causar danos expressivos. Durante o dia, fica escondido
nos troncos das mangueiras, na copa ou debaixo de folhas caídas no chão. Em
períodos em que a planta não produz frutos, o inseto entra em diapausa e nesse
período não se locomove e nem se alimenta.
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