Guaidó definirá neste domingo (27) a data de uma "grande marcha", após uma semana que deixou 29 mortos e mais de 350 detidos em protestos e distúrbios
Por: AFP

Juan Guaidó, líder parlamentar que se autoproclamou presidente interino, e o presidente da Venezuela, Nicolás MaduroFoto: Yuri Cortez, Federico Parra/AFP
O presidente da
Venezuela, Nicolás Maduro,
rejeitou um ultimato feito pela Europa para
que convoque eleições livres,
mas o autoproclamado presidente interino da Venezuela, o
opositor Juan Guaidó,
aumentará a pressão com a convocação de um protesto e a promessa de anistia
para os militares que colaborarem com um governo de transição.
"Devem retirar este ultimato. Ninguém pode nos dar um ultimato", disse Maduro em uma entrevista ao canal CNN Turk exibida neste domingo (27).
Espanha, França, Alemanha e Reino Unido advertiram no sábado (26) que se Maduro não convocar eleições no prazo de oito dias, pretendem reconhecer Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, como "presidente interino".
"Devem retirar este ultimato. Ninguém pode nos dar um ultimato", disse Maduro em uma entrevista ao canal CNN Turk exibida neste domingo (27).
Espanha, França, Alemanha e Reino Unido advertiram no sábado (26) que se Maduro não convocar eleições no prazo de oito dias, pretendem reconhecer Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, como "presidente interino".
Ao
mesmo tempo, estimulado pelo apoio cada vez mais firme da Europa e Estados
Unidos, assim como a deserção do adido militar venezuelano em
Washington, Guaidó pediu a seus seguidores que distribuam neste domingo o
documento de lei de anistia aprovado pelo Parlamento de maioria opositora, que
ele preside desde 5 de janeiro.
"Organize-se com um grupo, faça o download do documento e levemos a
mensagem de justiça, encontro e perdão", escreveu no Twitter.
Embora suas decisões tenham sido anuladas pela justiça que considera a
Assembleia Nacional em desacato, o Congresso aprovou uma anistia que dá
"todas as garantias constitucionais" a militares e civis que
"colaborem na restituição da democracia".
"Eliminação da responsabilidade civil, penal, administrativa, disciplinar
e tributária das investigações, procedimentos, penas e sanções que aconteceram
desde 1 de janeiro de 1999", afirma o documento, que engloba as duas
décadas de governo chavista.
Guaidó pretende abalar a principal base de apoio de Maduro, as Forças Armadas,
que, embora tenham reiterado esta semana "lealdade absoluta" a
Maduro, demonstram fissuras.
No sábado, o adido de Defensa da Venezuela em Washington, coronel José Luis
Silva, não reconheceu Maduro como presidente e pediu aos militares, em um vídeo
gravado em seu escritório e divulgado no Twitter, que apoiem Guaidó, antes de
afirmar que se colocou às suas ordens.
Guaidó definirá neste domingo a data de uma "grande marcha", após uma
semana que deixou 29 mortos e mais de 350 detidos em protestos e distúrbios, de
acordo com grupos de defesa dos direitos humanos.
"Vamos seguir até conseguir o fim da usurpação, um governo de transição e
eleições livres", afirmou no sábado o líder opositor, de 35 anos.
Pressão
internacional
Durante uma reunião no sábado no Conselho de Segurança da ONU sobre
a Venezuela, o chanceler Jorge Arreaza também rejeitou o ultimato europeu:
"Ficar na cola dos Estados Unidos? (...) Do governo de Donald Trump? A
Europa, dando oito dias de que? Ninguém vai nos dar prazos"
"A resposta da Europa foi contundente", reagiu Guaidó, antes de
advertir que não aceitará "falsos diálogos e muito menos eleições que não
tenham condições reais".
Na ONU, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, pediu a todos os países
do mundo união às "forças da liberdade" em apoio a Guaidó. Além dos
Estados Unidos, vários países da América Latina reconheceram o líder opositor -
o mais recente deles Israel, neste domingo. Rússia e China, entre outros,
permanecem ao lado de Maduro.
Guaidó afirmou na quarta-feira que é o presidente, depois que o Congresso
declarou Maduro "usurpador" por iniciar em 10 de janeiro um segundo
mandato considerado ilegítimo por parte da comunidade internacional, que
considera que sua reeleição foi marcada por fraudes.
Depois que Washington reconheceu Guaidó como presidente interino, Maduro rompeu
relações diplomáticas com os Estados Unidos e ordenou o fechamento da embaixada
venezuelana e de todos os consulados em território americano.
Guaidó pediu aos diplomatas americanos que permaneçam no país e Washington
afirmou que Maduro não tinha autoridade para tomar a decisão de romper
relações.
Ao final do prazo de 72 horas determinado por Maduro para a saída dos
diplomatas americano, ele anunciou no sábado uma negociação para estabelecer em
30 dias escritórios de interesse nos dos países, como os que tinham Cuba e
Estados Unidos.
Maduro disse que a Venezuela seguirá vendendo petróleo aos Estados Unidos, mas
afirmou que buscará novos mercados caso Trump imponha um embargo petroleiro.
Blog do BILL NOTICIAS