segunda-feira, 6 de maio de 2013

Seca faz cidade de Canudos reaparecer após 17 anos



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Mais de cem anos depois da Guerra de Canudos o território da Canudos Velha volta a aparecer. Nas últimas semanas as ruínas se tornaram um local turístico por causa da seca. Foi ela que fez o Açude do Cocorobó, construído em 1968, baixar o seu nível em nada menos que 11 metros. Dos 245 milhões de metros cúbicos d’água (245 bilhões de litros), restam apenas 20%. A perda fez aparecer ruínas de duas Canudos: a Canudos conselheirista, que viveu as batalhas, e a Canudos pós-conselheirista, ambas inundadas pelo açude.
A última vez que algo parecido aconteceu tem pelo menos 17 anos, na seca entre 1996 e 1999. Com a nova seca, emergiram da primeira Canudos a base do cruzeiro defronte às duas igrejas do arraial, parte do cemitério onde estariam os restos mortais de alguns dos combatentes e a base de um canhão, uma matadeira de fabricação alemã. Da segunda Canudos, reconstruída no mesmo local, aparece hoje boa parte das ruínas de uma terceira igreja, edificada após a morte de Conselheiro, e uma ponte que dava acesso à cidade.
Ainda que a seca continue, há pouco a se revelar da primeira e segunda Canudos além do que já existe. Apenas as bases das duas igrejas conselheiristas, feitas de pedra, ainda resistem abaixo do lodo do açude. Dos casebres do arraial, não existe mais nada. Até porque as construções eram de pau a pique.
Se voltar a chover e, como diz o povo canudense, o açude novamente sangrar (transbordar), tudo vai desaparecer. Se bem que, essa cidade tem como essência a resistência. Destruída pelo fogo da guerra, ressurgiu para ser apagada pela água. Reapareceu pela terceira vez em outro local e hoje segue viva. No presente e no passado. E a cada aparição das suas ruínas, aqueles que têm o mínimo de imaginação, talvez consigam ouvir a munição das espingardas bate-bucha zunindo nos ouvidos.
Ao fazer ressurgir o Arraial de Canudos, a seca que atinge o Sertão da Bahia mostra que não é só sofrimento. A aparição das ruínas possibilita, entre outras coisas, o estudo do local.
Na última seca, na década de 90, uma equipe de arqueólogos trabalhou nas ruínas durante 20 dias. Era preciso aproveitar a chance antes que voltasse a chover. Na época, foram desencavadas ossadas, cartuchos de balas, estilhaços de granada. Foram retiradas a lama e o entulho que cobria alguns monumentos. Já na década de 80, já havia sido criado o Parque Estadual de Canudos. Hoje, no parque, há preservados vestígios da guerra não submersos, como quatro trincheiras conselheiristas que tentaram barrar a aproximação das volantes. As informações são do Correio 24 horas.
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