Artigo de Ruyter Bezerra*
As eleições de Petrolina trouxeram uma nova configuração no quadro de poder hegemônico da mais longeva oligarquia do sertão do estado de Pernambuco. A fórmula de dividir para somar, já posta em prática pela oligarquia, a partir dos anos 80, já não surte o mesmo efeito. Agora está ameaçado pela emergência do médico Julio Lossio, reeleito prefeito da mais importante cidade do sertão pernambucano, que se qualifica e se credencia para um vôo solo como uma grande liderança e, se colocando como uma alternativa ao poder local. Principalmente, para aqueles que não comungam mais com as práticas políticas do grupo dominante, que por mais de meio século, ditam as regras do jogo local.
De um simples caroneiro no passado ou coadjuvante na obtenção dos votos da ex-toda-poderosa família, consegue agora ele próprio ser avaliado pela população que o aprovou proporcionando-lhe uma grande vitória. Não se trata apenas de um refrão musical: “daqui prá frente tudo vai ser diferente”.
Nos últimos anos o que se viu foi o então hegemônico grupo Coelho abater ou cortar as asas daqueles que tentavam certa autonomia, ou até mesmo uma pequena fatia do bolo do poder local, que contavam com o seu apoio. Há muitos exemplos, tais como ex-prefeitos, ex-deputados, ex-vereadores que estão no ostracismo e nunca mais conseguiram se reeleger por terem sonhado alto.
Porque com Julio Lóssio vai ser diferente? Porque soube joga ralém dos limites imposto pela oligarquia. Primeiro, foi ousado e não foi subserviente; segundo; foi lá fora buscar apoio do seu partido PMDB nas figuras do senador Jarbas Vasconcelos e do vice-presidente da República Michel Themer; terceiro, teve a inteligência e personalidade de fazer um governo com a sua cara, ou seja, com sua própria marca, voltado para o social, não destoando da prioridade federal do governo Dilma Rousseff.
Por último, como um jovem surfista, soube aproveitar a onda das candidaturas mal formuladas pela ação do filhotismo que foi imposta ao povo petrolinense como se ainda estivéssemos numa capitania hereditária.
Portanto, este é o Lóssio o vencedor que o povo escolheu para mais quatro anos.
Nasce uma nova liderança que só depende de s ipara continuar a aglutinar forças locais rumo aos novos ventos da democracia no sertão pernambucano.
*Sociólogo e Cientista Político. (Doutorando UFRN, Natal-RN 08/10/2012)
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