É preciso melhorar a comunicação e o sistema de alertas e investir em equipamentos e em pessoal, afirmam
Afetadas por fortes chuvas nos últimos dias, as cidades do litoral Norte de São Paulo têm documentos que orientam seu crescimento e a resposta a desastres. No entanto, há falhas na execução, segundo especialistas ouvidos pela Folha de S. Paulo.
Há a necessidade de aprimoramento de equipamentos e pessoal. Além disso, diante da previsão de chuva que havia para a região, faltou uma melhor preparação, dizem os especialistas.
"Se nós temos uma previsão, mesmo que seja de 200 mm, precisamos de Defesa Civil convocada, médicos de plantão, e parece que os municípios não têm sirene", afirma Marcio Cataldi, coordenador do laboratório de monitoramento e modelagem do sistema climático na UFF (Universidade Federal Fluminense).
Cataldi afirma que o alerta sobre possíveis desastres precisa chegar a líderes comunitários, para que estes o façam chegar à população. Além disso, segundo ele, a Defesa Civil precisa ter uma equipe própria de meteorologistas, geotécnicos e hidrólogos. É necessário também, de acordo com Cataldi, criar um sistema de contingência, que conte com sirenes, treinamento das pessoas e plano de desastres. É preciso, ainda, investir em equipamentos como radares. "O mais barato custa R$ 2 milhões. Se comparar com o gasto para recuperar a área, é nada".
Geólogo, Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de planejamento e gestão do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo), vinculado à USP, afirma que "a serra do Mar tem um dos maiores índices pluviométricos do país, sempre foi assim. Nessa região acontecem chuvas extremas, com recorrência estimada de dez anos, como a que atingiu o litoral norte de São Paulo".
Ele citou duas cidades do estado que são exemplos na prevenção contra desastres em decorrência de chuvas. "Santos e São Vicente receberam sua Carta Geotécnica ainda em meados de 1980, as recomendações foram aplicadas rigidamente e o número de acidentes fatais em morros foi reduzido."
Eduardo Mario Mendiondo, coordenador científico do Ceped (Centro de Educação e Pesquisa de Desastres) da USP, reforça a necessidade de investimentos na Defesa Civil e diz que o Brasil já aprendeu como evitar mortes entre as classes mais vulneráveis da população. "Temos [no Brasil] 40 mil áreas de risco, com 70 milhões de pessoas convivendo ano a ano com enxurradas, deslizamentos de terra e falta de saneamento básico". 247.