quinta-feira, 28 de julho de 2022

Colômbia vai "levantar a voz" em caso de tentativa de golpe no Brasil, diz vice-presidente eleita

Francia Márquez esteve no Brasil nos últimos dias, declarou apoio a Lula e disse que "será magnífico" governar ao lado do brasileiro

(Foto: Ricardo Stuckert)


Vice-presidente eleita da Colômbia, Francia Márquez visitou o Brasil nos últimos dias, quando se reuniu com o ex-presidente Lula (PT) e várias outras lideranças políticas.

Ela declarou à Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, apoio a Lula e disse que o petista foi o único presidente brasileiro que 'levou em consideração' os direitos da população negra. "Acabo de falar com o candidato à Presidência do Brasil que espero que ganhe as eleições, Lula da Silva. E digo isso porque acredito que Lula é o único presidente que levou em consideração os direitos da população negra no Brasil. Um país em que mais de 50% das pessoas são negras tem que pensar em políticas de governo a favor dessa população. É como uma diáspora africana, uma diáspora de descendência africana. Temos um enraizamento negro profundo. Brasil e a Colômbia são os dois países da América Latina com a maior população afrodescendente da região. São cerca de 200 milhões de afrodescendentes ou negros, o que exige uma política internacional para lutas contra o racismo".

Perguntada sobre o governo Jair Bolsonaro (PL), com o qual a nova gestão da Colômbia precisará conviver pelo menos até dezembro, Francia disse que respeita o governante brasileira, ainda que discorde de seus posicionamentos. Francia e o presidente colombiano eleito, Gustavo Petro, assumem o comando do país no próximo dia 7. "O povo brasileiro votou nele [Bolsonaro]. E respeitamos essa decisão, ainda que não concordemos com as ideias e políticas dele. Temos políticas de compromisso social, e as políticas do presidente Bolsonaro são de outra dimensão. Mas nós o respeitamos porque o povo brasileiro votou nele, e os povos têm autonomia para decidir sobre seu destino. Tentaremos ter as relações necessárias e possíveis para que haja tranquilidade na região".

A vice-presidente eleita afirmou que seu país 'levantaria a voz' em caso de uma tentativa de golpe em solo brasileiro. "Esperamos que esse processo no Brasil seja democrático, tranquilo, que transcorra em paz e que os brasileiros tomem a sua decisão. Se o processo democrático não for respeitado, haverá uma violação aos direitos humanos. Se isso ocorrer, vocês, brasileiros, teriam que ver em primeiro lugar o que fazer. E nós levantaríamos a nossa voz a favor da democracia na região, a favor da paz, a favor da garantia dos direitos humanos com todo o respeito que cada governo e cada país merece".

Confirmada a vitória de Lula, segundo Francia, será "mais fácil" executar as mudanças necessárias na América Latina. "Mas se Lula ganhar será magnífico porque não somente vamos nos articular entre movimentos sociais, mas também com um governo que terá agendas muito semelhantes às que impulsionaremos a partir da Colômbia. Na primeira 'onda rosa' da América Latina, no começo dos anos 2000, o momento econômico era muito favorável. E agora há pandemia, guerra, inflação e recessão. E uma nova direita emergiu com força nesses países. Será possível à esquerda repetir os êxitos de distribuir renda e tirar tantas pessoas da pobreza? Ou pode haver uma grande frustração? A Colômbia nunca fez parte dessa onda. Os governos do país sempre foram de direita ou de ultradireita. Os povos étnicos, os movimentos de esquerda nunca tiveram a oportunidade de governar". 247





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