Sem Festa de Momo, momentos de incerteza e estresse provocados pela pandemia geram ainda mais insegurança psicológica
Aguardado por muitos foliões, o Carnaval é o momento de esquecer os problemas e viver quatro dias inteiros de alegria. Marcado por muita gente nas ruas e aglomerações, a festa não vai ser realizada este ano por conta da pandemia de Covid-19. Além de precisar guardar a fantasia e o glitter para um momento mais oportuno, algumas pessoas ainda estão tendo dificuldade para lidar com o fato de não cair na folia.
A ausência do Carnaval, sobretudo no cenário pandêmico, é responsável pela diminuição dos níveis de bem-estar da população, conforme explica a psicóloga Hellen Leite. “O Carnaval enquanto manifestação cultural traz à tona uma série de emoções positivas que nos faz ver o mundo de maneira diferente. As fantasias, as alegorias variadas, o colorido, as músicas criam uma atmosfera de irreverência e espontaneidade. Sem a maior festa popular do País, os momentos de incerteza e de estresse provocados pela pandemia geram ainda mais insegurança psicológica”, afirma a profissional.
(PODCAST) Canal Saúde - A tristeza de não brincar o Carnaval - Pernambuco vive algo incomum
Como boa olindense, a designer de moda Amanda Barbosa, 25, faz questão de aproveitar bem a folia. Mesmo consciente de que a decisão de não realizar o Carnaval este ano, por conta da pandemia, é a mais acertada, ela revela que a ficha ainda não caiu por completo, mas que tem sentido o impacto da ausência da festa aos poucos. “Para mim, não ter Carnaval não foi uma surpresa, inclusive eu concordo com a decisão, mas não deixo de lamentar, porque, para mim, a tristeza é imensa”, disse a designer.
A frase “o ano só começa depois do Carnaval” faz todo sentido para o contador Ruan Lopes, 27. Por fazer aniversário em fevereiro, Ruan vê o momento como o início de um novo ciclo. “Normalmente eu não comemoro o meu aniversário como as outras pessoas comemoram. O meu aniversário é um Carnaval. Eu gosto de comemorar no Carnaval por ser a festa que eu mais me identifico e desejo”, confessou.
Apesar de estarem com um sentimento de tristeza parecido, Amanda e Ruan estão lidando com a situação de formas distintas. O contador, apesar de ter aceitado, tem ficado triste sempre que lembra. “Eu tenho até evitado falar disso, porque fico muito para baixo, chego perto de chorar”, disse. Já Amanda tem enfrentado os sentimentos de mente aberta. “Eu vejo as lembranças dos carnavais passados e lamento, mas é também um alento, porque o que me conforta é saber que brinquei e aproveitei tudo o que tinha para brincar e aproveitar”, pontua.
De acordo com a psicóloga Danielle Rabello, viver o lúdico e manter o espírito da brincadeira é uma das melhores formas de amenizar a ausência deste momento. “É preciso trabalhar a consciência de que o motivo da ausência é fundamental para o bem comum de todos. Também é bom pensar que quando acabar a pandemia vamos viver um eterno Carnaval de tanta alegria”, salientou Rabello. “O ideal é aceitar o momento, compreendendo as oscilações e restrições desse período de pandemia, investindo em si para superar o descontentamento de não poder brincar o carnaval”, finalizou a psicóloga Hellen Leite. (Por Marjourie Corrêa/Folhape).
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