Fórum de Mulheres Negras e Poder do Nordeste avaliou cenário eleitoral e elencou desafios para fortalecer parlamentares
Nas eleições municipais de 2020, o número de pessoas negras candidatas superou o número de pessoas brancas pela primeira vez na história do Brasil. Ainda assim, o número de mulheres negras eleitas foi baixo.
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, mais de 84 mil mulheres negras foram candidatas à vereança em 2020, mas apenas 3.634 foram eleitas, representando 6% das cadeiras nas novas câmaras municipais. entre elas está Divaneide Basílio, a mulher mais votada para vereadora em Natal, na Capital do Rio Grande do Norte.“Para nós, ocupar esse espaço, ocupar o cargo de representatividade é o símbolo de que aquele lugar vai ter a nossa voz, vai ter a nossa cor, vai ter a nossa história, vai ter políticas que pensem a nossa existência” reflete Divaneide. Confira na reportagem:
Foi para fazer um balanço das Eleições 2020 e analisar os impactos da campanha “Eu voto em negra”, do projeto mulheres negras e democracia, que foi realizado na última semana o Fórum de Mulheres Negras e Poder do Nordeste. O encontro virtual reuniu mais de cem participantes.
Piedade Marques, que integra o Comitê Gestor do Projeto Mulheres Negras e Democracia ressalta que as mulheres saem da disputa mais fortalecidas “Uma das coisas legais é que a gente que está se propondo ocupar esses lugares esteja com os corpos e as mulheres que se candidataram, seja com as iniciativas. Aonde a gente pôde estar com algum tipo de assessoria ou acompanhamento, mas uma das coisas que ficou muito forte é de que verdadeiramente nós queremos construir algo de diferente e tenho a certeza de que isso é possível, uma disputa onde o fortalecimento da outra é também o meu fortalecimento.
O fórum não debateu só o resultado das eleições, mas também os mandatos que começarão em 2021. Para Divaneide, sua eleição representa um avanço para toda a população negra de Natal. “Eu tenho a obrigação de dar resposta pro meu povo, pros meus pares, pros meus iguais, para que assim como eu, eles se sintam parte desse lugar que a gente está ocupando, para que a Câmara seja minha e de todos e de todas”, reafirma.
O poder do encontro e da possibilidade que as mulheres negras estão construindo de falar sobre suas realidade é um aspecto fundamental para Piedade “Somos nós por nós e nós conosco, né? Porque no final das contas é com nós que temos que dar conta e sabemos que podemos contar. Então, esse é pra mim o saldo mais positivo: não vamos permitir que falem de nós sem nós” conclui. (Lucila Bezerra/Brasil de Fato-Recife (PE).
Edição: Monyse Ravena