Métodos de pesca em todo o litoral brasileiro, como o uso de redes de arrastão do camarão e a captura com cordas e anzóis no formato
de letra “J” são pesadelo para as espécies
Tartaruga presa em rede de pescaFoto: Enrico Marcovaldi/Cortesia
(Folhape).
Sessenta por cento das tartarugas marinhas encontradas mortas ou encalhadas nas praias do litoral brasileiro tiveram alguma interação com a pesca, segundo o Projeto Tamar. O uso de redes de arrasto do camarão e a pesca com espinhéis em alto mar (cordas compridas com anzóis no formato de letra “J”), além de serem um pesadelo para essas criaturas do mar, tão pré-históricas quanto os dinossauros, são os principais responsáveis por fazê-las configurarem no livro vermelho. São cinco as espécies que ocorrem no Brasil, todas em risco de extinção: tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), cabeçuda (Caretta caretta), verde (Chelonia mydas), oliva (Lepidochelys olivacea) e a de couro (Dermochelys coriacea).
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“Esses métodos de pesca se tornam um perigo para as tartarugas marinhas porque, uma vez que elas interagem, ficam presas aos anzóis e redes, não conseguindo subir à superfície para respirar e, assim, acabam morrendo afogadas”, explica o biólogo da base do Tamar em Praia do Forte, na Bahia, Mazinho Santana. Para se ter uma ideia do quão perigosas são essas armadilhas, em uma única saída (que dura entre 20 dias e um mês em alto-mar) uma embarcação é capaz de capturar por engano mais de 100 tartarugas marinhas. Para combater essa ameaça, o Projeto Tamar realiza, desde 2001, o Programa Interação Tartarugas Marinhas e Pesca, cuja finalidade é reduzir a captura incidental com ações de monitoramento e implementar medidas mitigadoras, como anzóis circulares e cortadores de linhas.
Inclusive, testes feitos pelo Tamar com anzóis circulares apontam que esse tipo de ferramenta diminui em até 65% as chances de uma tartaruga da espécie couro, por exemplo, ser vítima do anzol “J”.
Feitos de metal e sem argola, o anzol circular é chamado assim porque a ponta é curva e virada em direção à haste, formando um círculo. Por ser assim, aumentam-se as chances de as tartarugas marinhas serem liberadas de volta ao mar com vida, além de não terem o céu da boca perfurado. Tal realidade motivou os Ministérios do Meio Ambiente (MMA) e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) a determinarem a substituição do anzol “J” pelo circular (veja figura) nas embarcações industriais, cujas espécies-alvo são os atuns albacora-branca, albacora-bandolim, albacora-laje e o peixe da espécie espadarte. “A publicação dessa instrução normativa foi motivo de comemoração para a gente. Sensação de tarefa cumprida, que só conquistamos após anos alertando para a problemática”, comemora Santana, que há 17 anos veste a camisa em prol da conservação das tartarugas marinhas. A determinação, publicada recentemente no Diário Oficial da União, entrará em vigor a partir de 1º de novembro de 2018.
Monitoramento
A equipe do Tamar instala, em algumas tartarugas capturadas incidentalmente, transmissores de satélite com o objetivo de acompanhar o deslocamento e avaliar a taxa de sobrevivência desses animais após a soltura. Inclusive, a Folha de Pernambucoacompanhou a devolução de uma tartaruga jovem da espécie cabeçuda às águas da Praia do Forte, onde ocorre a maioria das solturas da base do projeto na Bahia (veja vídeo abaixo). Ela foi encontrada boiando no dia 4 de outubro, próxima à Ilha de Itaparica, na Baía de Todos os Santos, na Bahia. De lá, foi levada por pescadores à base da Praia do Forte bastante fraca, cansada e com lesões, onde permaneceu em tratamento por 113 dias. Após quatro meses foi devolvida ao mar.
Tartarugas são alimentadas em tanque do Tamar na Praia do ForteFoto: Projeto Tamar/Divulgação
Vista aérea do projeto Tamar na Praia do ForteFoto: Projeto Tamar/Divulgação
Soltura de tartarugas na Praia do ForteFoto: Projeto Tamar/Divulgação
Soltura de tartarugas na Praia do ForteFoto: Projeto Tamar/Divulgação
Soltura de tartarugas na Praia do ForteFoto: Projeto Tamar/Cortesia
Outras ameaças
O descarte irresponsável do lixo é outra ameaça humana que tem feito o ecossistema marinho pagar caro por isso, principalmente, as tartarugas. Os problemas para elas são inúmeros. Vão desde a intoxicação e o enforcamento até a morte por desnutrição. Elas têm como prato principal as águas vivas e, como os plásticos flutuam no mar de forma semelhantes às medusas, elas os engolem. Sofrem uma falsa saciedade e, como o estômago entulhado de plástico, ficam incapazes de ingerir algo mais, morrendo de desnutrição. Além disso, o material entope o sistema digestivo e elas não conseguem excretar nada.
Blog do BILL NOTICIAS
(Folhape).
Sessenta por cento das tartarugas marinhas encontradas mortas ou encalhadas nas praias do litoral brasileiro tiveram alguma interação com a pesca, segundo o Projeto Tamar. O uso de redes de arrasto do camarão e a pesca com espinhéis em alto mar (cordas compridas com anzóis no formato de letra “J”), além de serem um pesadelo para essas criaturas do mar, tão pré-históricas quanto os dinossauros, são os principais responsáveis por fazê-las configurarem no livro vermelho. São cinco as espécies que ocorrem no Brasil, todas em risco de extinção: tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), cabeçuda (Caretta caretta), verde (Chelonia mydas), oliva (Lepidochelys olivacea) e a de couro (Dermochelys coriacea).
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Inclusive, testes feitos pelo Tamar com anzóis circulares apontam que esse tipo de ferramenta diminui em até 65% as chances de uma tartaruga da espécie couro, por exemplo, ser vítima do anzol “J”.
Feitos de metal e sem argola, o anzol circular é chamado assim porque a ponta é curva e virada em direção à haste, formando um círculo. Por ser assim, aumentam-se as chances de as tartarugas marinhas serem liberadas de volta ao mar com vida, além de não terem o céu da boca perfurado. Tal realidade motivou os Ministérios do Meio Ambiente (MMA) e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) a determinarem a substituição do anzol “J” pelo circular (veja figura) nas embarcações industriais, cujas espécies-alvo são os atuns albacora-branca, albacora-bandolim, albacora-laje e o peixe da espécie espadarte. “A publicação dessa instrução normativa foi motivo de comemoração para a gente. Sensação de tarefa cumprida, que só conquistamos após anos alertando para a problemática”, comemora Santana, que há 17 anos veste a camisa em prol da conservação das tartarugas marinhas. A determinação, publicada recentemente no Diário Oficial da União, entrará em vigor a partir de 1º de novembro de 2018.
Monitoramento
A equipe do Tamar instala, em algumas tartarugas capturadas incidentalmente, transmissores de satélite com o objetivo de acompanhar o deslocamento e avaliar a taxa de sobrevivência desses animais após a soltura. Inclusive, a Folha de Pernambucoacompanhou a devolução de uma tartaruga jovem da espécie cabeçuda às águas da Praia do Forte, onde ocorre a maioria das solturas da base do projeto na Bahia (veja vídeo abaixo). Ela foi encontrada boiando no dia 4 de outubro, próxima à Ilha de Itaparica, na Baía de Todos os Santos, na Bahia. De lá, foi levada por pescadores à base da Praia do Forte bastante fraca, cansada e com lesões, onde permaneceu em tratamento por 113 dias. Após quatro meses foi devolvida ao mar.
Tartarugas são alimentadas em tanque do Tamar na Praia do ForteFoto: Projeto Tamar/Divulgação
Vista aérea do projeto Tamar na Praia do ForteFoto: Projeto Tamar/Divulgação
Soltura de tartarugas na Praia do ForteFoto: Projeto Tamar/Divulgação
Soltura de tartarugas na Praia do ForteFoto: Projeto Tamar/Divulgação
Soltura de tartarugas na Praia do ForteFoto: Projeto Tamar/Cortesia
Outras ameaças
O descarte irresponsável do lixo é outra ameaça humana que tem feito o ecossistema marinho pagar caro por isso, principalmente, as tartarugas. Os problemas para elas são inúmeros. Vão desde a intoxicação e o enforcamento até a morte por desnutrição. Elas têm como prato principal as águas vivas e, como os plásticos flutuam no mar de forma semelhantes às medusas, elas os engolem. Sofrem uma falsa saciedade e, como o estômago entulhado de plástico, ficam incapazes de ingerir algo mais, morrendo de desnutrição. Além disso, o material entope o sistema digestivo e elas não conseguem excretar nada.
Blog do BILL NOTICIAS