Aborrecido com a rotina caótica dos maus serviços oferecidos pelas agências bancárias da região, o jornalista e professor universitário Emanuel Andrade traduz com perfeição o sentimento dos “pobres” clientes dessas instituições.
Confiram:
Está cada dia mais difícil e insuportável a relação entre clientes e agências bancárias. Sim, aqueles clientes que dependem dos serviços dessas “empresas” cada vez mais bilionárias, sugando a alma do povo brasileiro, principalmente por parte das instituições oficiais como Banco do Brasil e Caixa Econômica. Mas refiro-me aqui especialmente os absurdos cometidos em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).
A saga das filas e da longa espera se repete constantemente nos horários de atendimento. Quem faz uso dos caixas eletrônicos, cada vez piores, nem sempre tem sorte. É comum encontramos pessoas lamentando que o terminal específico para quem fez biometria não funciona. Às vezes não reconhece a leitura. E há quem reclame da falta dos caixas comuns. Outra reclamação muitas vezes são os valores determinados para saque.
O pior é que os empecilhos que causam indignação aos usuários não param por aí. Agora, imagine quando chega o final de semana e você precisa de dinheiro para suprir suas necessidades. Nem todo mundo é adepto do “famigerado” cartão de crédito, que golpeia o titular com altos juros que sustentam bancos e operadoras. Nem todo mundo que tem comércio também aceita pagamento com cartão. É certo que há os fanáticos que querem que tudo seja online. Ora ora, a vida não é online para muitas pessoas, que devem ser respeitadas. Não adianta querer impor modernidade a quem não se interessa nem um pouco por isso.
Agora falemos sobre os fatos que se repetem nos fins de semana, quase sempre. Na última sexta-feira, quem precisou de dinheiro a partir das 20h já se via de mãos atadas. Nem nos bancos oficiais BB e CEF. Muitos menos nos tais 24 horas. Quem precisou de um só Real pra salvar alguém, provavelmente saiu derrotado. Quando chegou o sábado e domingo, diria que o terrorismo sem armas foi pior. Foi grande o movimento de pessoas nas agências, entrando e saindo, indignadas, perguntando a quem encontrava no caminho se sabia onde havia caixa com dinheiro. Parecia que o mundo parou ali.
Liguei pro SAC do Banco do Brasil, ainda no sábado, e a moça despreparada que atendeu só me fez aumentar o estresse. Não consegui manter o diálogo. Tudo que eu falava ela repetia, fazendo divisão silábica como se estivesse na alfabetização, juntando letrinhas. Daí prometeu em 5 dias um comunicado. Não me interessa mais.
Desrespeito é palavra miúda para entender o que é o esquemão das instituições – leia-se banqueiros e seus gerentes incapazes de respeitar o cliente. Até os caixas 24 horas (adotados pelas agências oficiais como uma saída para suprir sua ineficiência) também foram de encontro aos usuários desses serviços que não fogem ao horizonte da agiotagem oficial, que são os bancos. Há uns terminais bem sujos na rodoviária, que no sábado exibiam papéis avisando sobre a falta de dinheiro. Qual o sentimento de usuários que pagam taxas absurdas, para abrir ou fechar contas e movimentá-las? Tudo não é pago, até mesmo o segundo extrato de papel dentro de uma semana?
E quais as respostas nunca concedidas ao cliente sobre essas e outras situações inusitadas? Obviamente, só nos causa sentimento de impotência como cidadãos sempre lesados. Os gerentes de bancos alegam que o problema é a questão da segurança. Estouros de caixas e assaltos. O que temos a ver com isso? Se o Estado não tem competência e a engenharia da Segurança Pública não funciona, o problema não é do cliente. Agora, é preciso que a sociedade se mobilize, porque isso só tende a piorar. O poder público esquálido não se pronuncia.
Nas cidades do Interior, os políticos – vereadores e prefeitos – em vez de estarem preocupados com o próximo pleito ou perdendo tempo com títulos patéticos de cidadão, deviam agir contra esse tipo de atitude que vai de encontro ao consumidor. Chamar a atenção dos gerentes ou acionar seus Procons/Prodecons. O povo está cansado de esperar e reclamar. Se a justiça servisse para alguma coisa e garantisse que valeria à pena mover processos que lhe causassem danos (aos bancos), talvez trouxesse algum resultado. As instituições financeiras sempre fecham o ano com bilhões de superávit.
Quer dizer então que perdemos para as quadrilhas? Se os superiores que comandam essas instituições se veem impossibilitados de adotar soluções, façam o favor de entrar no programa de demissão voluntária e busquem outra profissão. Em tempo: antes e depois da crise que assola o país partindo da corrupção, os que mandam continuarão a acumular riqueza. Nos esquemas de corrupção e refestança de propinas no país, com certeza os bancos – não interessa a origem – foram imediatos nas transferências. O brasileiro está cada vez mais dependente desses serviços para tocar sua vida, mas ao mesmo tempo está no fim do fundo do poço. Um país imoral, onde todos temos culpa. (Via:C.Britto).
Emanuel Andrade/Jornalista e Professor Universitário
Blog do BILL NOTICIAS