domingo, 21 de janeiro de 2024

Conflito no Mar Vermelho ameaça economia local

 

A década está sendo marcada por significativos bloqueios marítimos


                              Por Patricia Raposo/COLUNA MOVIMENTO ECONÔMICO
Canal de Suez: ponto chave sob tensão - Foto: Pixabay

A década volta a ser marcada por nova perturbação no mercado da navegação global. Em 2020, a pandemia da Covid-19 interrompeu quase totalmente o fluxo de navios a partir da China e causou grande desorganização nas cadeias de suprimentos. No ano seguinte, em março de 2021, um porta-contêineres de quase 200 mil toneladas, encalhou na margem leste do Canal de Suez, interrompendo uma das passagens mais importantes para o comércio mundial por vários dias. 

Agora, os armadores têm nova preocupação: os ataques dos rebeldes Houthis iemenitas no Mar Vermelho, que levaram ao menos 18 companhias a desviar seus navios da região, preocupando os que atuam na corrente do comércio global. O fluxo de navios naquelas águas caiu 66%. 

O uso de novas rotas de navegação mais longas, ampliou o tempo de entrega das mercadorias em 40%. Importante considerar que o custo médio por embarcação só com óleo bunker (o combustível dos navios) está na casa de US$ 30.000 por dia e o aumento no trajeto implica em aumento no consumo, sem falar nos custos com mão de obra e vários outros envolvidos numa diária no mar. Tudo isso vem pressionando o preço do frete, que subiu de dezembro para cá 121,5%. 

Inflação pode crescer
O economista da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Cezar Andrade, prevê inflação na cadeia global. E ela pode chegar por aqui caso a situação perdure, porque os custos excedentes dos armadores recaem sobre o preço final das mercadorias. E a indústria local é dependente de itens importados.

Reação da Stellantis e outras
As empresas, por sua vez, tentam reagir. A Stellantis decidiu usar aviões para transportar peças essenciais. A Volvo paralisou sua fábrica na Bélgica, devido ao atraso de mercadorias, e a Tesla parou sua unidade na Alemanha. Todas essas empresas tiveram queda em suas ações. E muitas outras.

Suape e o conflito
A situação é acompanhada de perto no Complexo Industrial Portuário de Suape, que indiretamente se conecta com o Mar Vermelho, já que operacionaliza mercadorias que fazem transbordo em portos como de Santos, este sim, com rotas para a região de conflito. Seu presidente, Márcio Guiot, ressalta que, “como na logística tudo é interligado, se os ataques perdurarem, será uma questão de tempo para Suape sentir seus efeitos”.

Maersk pausa navios
A Maerks, que controla a APM Terminals, empresa com terminal de contêiner em Pecém (CE) e iniciando a construção de outro em Suape, comunicou ao mercado pausa em todos os navios com destino ao Mar Vermelho/Golfo de Aden diante da escalada do conflito. 


Taxas extras 
Não há expectativa de que a situação vá arrefecer nos próximos dias, porque o que acontece no Mar Vermelho é uma resposta aos bombardeios na Faixa de Gaza. Não é à toa que a Maersk comunicou ao mercado que a Sobretaxa de Interrupção de Trânsito (TDS), bem como Sobretaxa de Alta Temporada (PSS) e a Sobretaxa de Contingência de Emergência (ECS) para todas as cargas em navios afetados pelas interrupções ao redor do Mar Vermelho/Golfo de Aden permanecem em vigor.


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