segunda-feira, 31 de maio de 2021

'Quero que ele perca a farda', diz Jonas de França, que perdeu o olho na repressão da PM no Recife

 

Desempregado Jonas Correia de França, 29 anos, é atingido por tiro pela PM no Recife e perdeu a visão do olho direito (Foto: Reprodução)

O arrumador de contêineres Jonas Correia de França, de 29 anos, que perdeu um olho na repressão realizada pela Polícia Militar durante ato contra Jair Bolsonaro no dia 29 de maio em Recife (PE), afirmou que quer a demissão dos policiais que atiraram em seu rosto.

"Ninguém se pronunciou nem para dizer 'eu estou aqui, você tem minha solidariedade'. Mesmo que seja mentira. Eu quero que eles [os policiais] percam a farda, porque policial é para proteger cidadão, não para espancar. Hoje, meus dois filhos estão com saudade. Minha filha, que dormia comigo, está sem comer direito. Minha esposa só vive chorando. E agora, como vai ficar? Já chorei muito, só Deus sabe", declarou Jonas.

"Só Deus sabe o que eu passei e estou passando. Hoje eu acordei muito triste, angustiado, porque sou um jovem novo, com saúde, independente, gosto de trabalhar. Sou muito de família, penso muito nos meus filhos, e o que vai ser de mim agora? Dos meus filhos e da minha esposa, que precisam de mim? Não sei nem o que falar, é só o desespero mesmo, de um pai que corre atrás do sustento da família. Já chorei muito", afirmou o arrumador.

"Lateja muito e está muito inchado. É como se a dor fosse para o cérebro. Dói muito, muito mesmo. Eu estava voltando do trabalho, liguei para minha esposa para dizer que ia demorar, por causa do protesto. Eu cheguei a falar com os policiais, falei que sou pai de família, cristão, e que não estava no protesto. Tinha até um saco de carne moída na minha bicicleta. Quando olhei para frente, um policial saiu de trás do outro e atirou", disse.

Nesta segunda-feira, 31, ele obteve a confirmação dos médicos da Fundação Altino Ventura de que perdeu totalmente a visão do olho direito. Outro homem que perdeu o olho após a repressão da polícia em Recife foi o adesivador de táxis Daniel Campelo, de 51 anos. Nenhum dos dois estava na manifestação que foi reprimida.

"Meu olho foi retirado. Estou sem visão. Na situação que a gente está, tem que agradecer a Deus, mas eu não desejo para ninguém", denunciou o adesivador. Brasil247.


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