Glicemia, taxa de proteína C-reativa, glóbulos vermelhos, etc. Para que você possa entender melhor os itens que constam do seu exame de sangue, aqui vai uma descrição dos principais elementos que fazem parte dos resultados que interessam aos médicos clínicos.
Lé Figaro
Por: Anne Prigent – Le Figaro Santé
Antes de tudo, uma questão importante: O que significa a normalidade em matéria de exame de sangue? Se você já leu a lista de itens que fazem parte de uma amostra de sangue analisado, deve ter percebido que ao lado do resultado existem “valores de referência”, com um limite inferior e um limite superior. Para definir esses valores de referência, os biólogos trabalham sobre os dados de populações que gozam de boa saúde. Ora, como em toda análise estatística, 5% da amostragem se encontra fora da norma. Eis porque estar ligeiramente fora dos “valores de referência” nem sempre significa que existe uma doença. Assim sendo, em face de uma análise que parece “anormal”, é inútil se preocupar sem antes discutir o assunto com o médico que prescreveu os exames sanguíneos.l
Glicemia de jejum
Este é, por exemplo, o exame de referência para diagnosticar diabete. Ele avalia a taxa de açúcar no sangue. Em face de uma glicemia que se situa entre 1,10 e 1,25 g/l (gramas por litro), falamos de uma situação de pré-diabete, e de diabete quando o índice supera 1,26 g/l. No caso dos diabéticos, medimos também a taxa de hemoglobina glicosada (ou HbA1c). Ela permite estimar de modo retrospectivo o equilíbrio glicêmico para uma duração de cerca três meses. Sua taxa em um adulto não-diabético se situa entre 4% e 6%.
Balanço lipídico ou exploração de uma anomalia lipídica
Um dos objetivos do exame de sangue é descobrir o excesso de lipídios (gorduras) no organismo, pois ele aumenta o risco de desenvolver uma doença cardiovascular. Essa análise compreende duas medidas: para os triglicérides e o colesterol.
Os triglicérides, fornecidos pela alimentação, são estocados nas células chamadas “adiposas” para servir re reserva de energia ao organismo. Habitualmente, a taxa de triglicérides é inferior a 2 g/l. Uma alimentação rica em açúcares ou emálcool, e também uma diabetes mal administrada, a obesidade, o hipotireoidismo são frequentemente acompanhados por uma híper-trigliceridemia.
O colesterol, principalmente fabricado pelo fígado, também é fornecido pela alimentação. O exame de sangue considera três elementos: a taxa de colesterol total, o colesterol LDL (ou colesteril bomterol de colsterol icado pelo figliceridemia. mo, a taxa de triglicil.ivo o equile ao lado do resultado existem “colesterol ruim”) e o colesterol HDL (ou “colesterol bom”). Uma taxa elevada de LDL representa um fator de risco cardiovascular. E mais o número de fatores de risco é elevado (idade, hipertensão, diabete, tabagismo), mais a taxa de LDL deve ser baixa. Em um indivíduo com menos de 50 anos sem fatores de risco, seu valor se situa habitualmente abaixo de 1,6 g/l.
O colesterol HDL coleta o LDL para favorecer a sua eliminação. Ele se situa habitualmente entre 0,4 a 0,5 g/l para o homem e entre 0,5 e 0,6 para a mulher. Mais a taxa de HDL é elevada, tanto melhor. Uma taxa inferior a 0,4 g/l é considerada como um fator de risco cardiovascular, enquanto uma taxa superior a 0,6 é considerada como um fator de proteção. O colesterol total é normalmente inferior a 2 g/l.
Balanço da situação hepática
O exame de sangue contribui sobretudo para a identificação de eventuais patologias do fígado. Considera-se quase sempre vários elementos.
Antes de tudo, as gama GT. Tratam-se de enzimas provenientes de diversos órgãos (fígado, pâncreas, rins). A taxa de gama GT no sangue aumenta quando existe alguma dentre numerosas afecções do fígado, como as hepatites virais, a obstrução das vias biliares ou o alcoolismo. Pode também estar elevada por causa do uso de certos medicamentos, da obesidade ou de uma pancreatite aguda. O valor de referência da gama GT é, para o homem, inferior a 45 UI/l (unidades internacionais por litro) e, para a mulher, inferior a 35 UI/l. Mas para cerca de 10% das pessoas, ela é duas ou três vezes mais elevada, sem que conheçamos a razão disso.
A seguir, o exame de sangue considera as transaminases. São enzimas que desempenham uma atividade metabólica no interior das células. As ;principais causas da elevação das taxas de transaminases no sangue são as anomalias hepáticas: hepatites virais, infecciosas ou tóxicas, cirrose, consequências do alcoolismo. Outras patologias, no entanto, acarretam taxas elevadas de transaminases: a obesidade, as miopatias, o infarto do miocárdio, e o uso de certos medicamentos. Distinguimos dois tipos de transaminases: a Alat, presente sobretudo no fígado, e a Asat, presente sobretudo no coração. Suas taxas se situam entre 5 e 50 UI/l. O aumento com frequência é mencionado em múltiplos do valor usual: 5N, 10N, etc. (N significa norma: por exemplo, 5N corresponde a 5 vezes a norma).
Balanço da situação renal
Ele serve para a avaliação do funcionamento dos rins. O balanço renal é feito com regularidade para os diabéticos, os hipertensos e as pessoas idosas, para os quais o risco de surgimento de uma insuficiência renal é muito importante. E também no caso de a pessoa ter tomado certos medicamentos. Esse balanço leva em conta diversos elementos.
Em primeiro lugar, a creatinina sanguínea que provem da degradação da creatina e é eliminada pelos rins. Uma taxa elevada de creatinina assinala portanto uma disfunção renal. Como a quantidade de creatinina produzida depende da massa muscular, as concentrações são mais elevadas nos homens -entre 80 e 110 μmol/l (micromole por litro) - que nas mulheres - entre 60 e 95 μmol/l. As causas do seu aumento são muito variadas: infecção bacteriana, cálculos renais, insuficiência cardíaca, etc.
A seguir, o débito de filtragem glomerular (DFG). Ele acompanha a dosagem da creatinemia. É o meio para se detectar alterações renais muito precocemente. É calculado a partir de uma fórmula que leva em consideração a creatinemia, a idade e o sexo do paciente. A filtragem glomerular é habitualmente superior a 90 ml/mn (mililitro por minuto).
Balanço da situação da tireoide
É feito para se detectar os distúrbios da tireoide e para se acompanhar o tratamento de um possível hipotireoidismo ou de um hipertireoidismo. Medimos a tireostimulina hipofisiária (ou TSH), que estimula a secreção de hormônios. A secreção da TSH depende da retomada do controle dos hormônios da tireoide. O que significa que um hipertireoidismo acarreta uma diminuição da taxe de TSH, enquanto que, inversamente, o hipotireoidismo provocará o seu aumento. As normas consideradas como sendo valores indicativos de uma TSH normal estão situadas entre 0,4 e 4 mUI/l.
Balanço do estado inflamatório
Dois exames podem ser prescritos para detectar uma patologia inflamatória ou uma eventual infecção.
Por um lado, o exame da velocidade de sedimentação. Ela corresponde à quantidade de sangue coagulado no interior de um tubo de ensaio ao final de uma ou duas horas. Esse valor permite diagnosticar uma eventual inflamação aguda ou crônica, não importa qual seja a sua origem (infecção, câncer, doença autoimune etc). Considera-se que antes dos 65 anos de idade a velocidade de sedimentação deve ser inferior a 15 no homem e a 20 na mulher, e que após os 65 anos esses valores devem ser inferiores a 20 nos homens e a 25 nas mulheres.
Por outro lado, a taxa da proteína C-reativa (CRP) . A CRP é produzida pelo fígado. Sua taxa no sangue aumenta rapidamente em caso de infecção ou de inflamação. Ela diminui quando ocorre uma melhora, mais rapidamente do que a velocidade de sedimentação. Habitualmente, a CRP se situa abaixo de 6 mg/l. A obesidade, o álcool e o tabaco causam um aumento da CRP fora de qualquer inflamação.
Hemograma ou numeração de fórmula sanguínea
É o exame mais solicitado pelos médicos. É utilizado como um teste geral para se ter um panorama do estado de saúde geral. Sua finalidade é detectar as variadas disfunções que uma anemia, uma infecção, um câncer de sangue e vários outros fatores podem produzir em um paciente. A interpretação de uma numeração sanguínea (ou NFS) é particularmente complexa. Trata-se, com efeito, de um conjunto de testes que analisam os diferentes componentes do sangue: glóbulos vermelhos, glóbulos brancos, plaquetas, etc. Como podemos interpretar esses resultados?
Os glóbulos vermelhos transportam o oxigênio para todos os órgãos e na volta trazem o gás carbônico para os pulmões para que ele seja eliminado.
As análises biológicas dos glóbulos vermelhos (ou hemácias) consistem na contagem deles, medir a hemoglobina contida nos glóbulos vermelhos e que fixa o ferro, e medir o volume dos glóbulos vermelhos (hematócrito). No homem, estima-se que o número normal de hemácias está compreendido entre 4,2 e 5,7 milhões por mm3 de sangue, a hemoglobina entre 130 e 180 g/l e o hematócrito entre 4 a 5,3 milhões por mm3 de sangue, 120 a 160 g/l e de 37 a 46%. A diminuição desses valores frequentemente indica a provável presença de uma anemia.
O número de glóbulos brancos (leucócitos) costuma também ser interpretado. Ee aumenta em numerosos casos: infecção, inflamação, alergia, uso de certos medicamentos, disfunções da medula espinhal, etc. A taxa habitual de leucócitos é de 4 mil à 10 mil por mm3.
Mas na família dos leucócitos todos não regem da mesma maneira. Os linfócitos, que representam cerca de 30% dos leucócitos, diminuem em caso de déficit imunológico e aumentam por ocasião de infecções virais ou bacterianas ou em caso de doença autoimune. Os monócitos, que representam cerca de 7% dos leucócitos, aumentam em caso de doenças infecciosas crônicas ou de inflamações. Os polinucleares neutrófilos, que representam cerca de 60% dos leucócitos, diminuem em caso de infecção viral ou parasitária e de hipertireoidismo, e aumentam em caso de infecção bacteriana ou de tratamentos à base de cortisonas.
O aumento do número dos polinucleares eosinófilos (2% dos leucócitos) permitem, por seu lado, detectar a presença de reações alérgicas ou de infecções parasitárias. No que diz respeito aos polinucleares basófilos (1% dos leucócitos), a sua taxa pode aumentar em caso de reações alérgicas ou de infecções.
As plaquetas, finalmente, desempenham um papel essencial na coagulação do sangue. A numeração plaquetária geralmente faz parte da NFS. Ela também pode ser solicitada no caso do aparecimento de hematomas inexplicáveis. Habitualmente, o número de plaquetas se situa entre 150 mil e 450 mil por mm3, tanto no adulto como na criança. O aumento do número de plaquetas deve-se a numerosas causas como uma carência de ferro ou doenças inflamatórias. Uma diminuição pode estar ligada a um déficit de vitamina B, a uma infecção viral, ao uso de certos medicamentos.(Saúde247).
Blog do BILL NOTICIAS