Publicado em: 25 de fevereiro de 2024, 11:09
As imagens
falam por si. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebendo, em dois dias
seguidos, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Anthony Blinken, e o
ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, dois dos países de
maior peso geopolítico do planeta.
Não foram
visitas de cortesia, como as que se fazem habitualmente entre representantes de
nações amigas, mas reuniões de trabalho, negociações intensas, com
interlocutores dotados de autoridade e autonomia. Discutiram-se em detalhes os
processos dos dois graves conflitos do momento: o genocídio realizado por
Israel na Faixa de Gaza e o conflito na Ucrânia, que completa dois anos.
Lula
acabava de voltar de viagem ao Egito e à cúpula da 37ª Cúpula da União
Africana, onde foi o único participante de fora do continente convidado a
discursar.
Foi no
âmbito dessa reunião, em Adis Abeba, que Lula fez a já histórica declaração que
colocou o país em posição de vanguarda mundial na crítica ao morticínio
genocida realizado por Israel na Faixa de Gaza.
Lula teve
a coragem e o descortínio de denunciar o massacre de inocentes da Faixa de
Gaza. Mencionou, criticando sofrimentos sofridos pelos judeus sob a máquina de
morte nazista durante a Segunda Guerra. Verbalizou a indagação que tantos se
fazem silenciosamente: como um povo que sofreu tanto é capaz de infligir tanto
sofrimento a outro?
O fato de
a reação de Israel ter sido tão imediata, destemperada e baixa atesta a
precisão cirúrgica da manifestação do mandatário brasileiro. Lula colheu apoios
internacionais abertos junto a silêncios de solidariedade eloquente. A
diplomacia brasileira reagiu e repeliu o extremismo israelense. Mesmo Blinken,
apesar de se opor, teve que reconhecer a legitimidade e a soberania da posição
brasileira. A reunião amistosa, a cautela presente em sua manifestação de
discordância em relação a Lula decorrem do reconhecimento irrecusável do peso
do Brasil no cenário geopolítico.
Respeito,
aliás, obtido apesar da oposição vexaminosa das elites brasileiras e de seus
veículos jornalísticos, contrários a qualquer posicionamento brasileiro que se
desvie do evangelho emanado da potência hegemônica, os Estados Unidos, e de seu
satélite extremista, Israel.
A
cobertura dessa mídia propiciou um constrangedor espetáculo de sabujice ao
império. Terminou desconcertada e humilhada quando seu sol supremo, o
Departamento de Estado, em torno do qual ela gravita, viu legitimidade na
posição de Lula.
O Brasil
assumiu assim a liderança mais explícita, fora do mundo árabe, da repulsa ao
"suplício televisionado" imposto aos palestinos pelo regime
israelense.
Falando
com sinceridade e sem medo, Lula despiu o tabu da invulnerabilidade israelense.
Não se
pode ignorar que o jogo cada vez mais sério que o Brasil desempenha na arena
mundial se dá num contexto de câmbios agudos na correlação de forças, o que
atravessa os conflitos na Europa e na Palestina.
O grupo
do Brics, a que o país está tão identificado sob Lula, já tem hoje a mesma
fatia de cerca de 30% da riqueza mundial que o antes inalcançável clube do G7.
Há duas décadas, o G7 detinha 42% contra 19% dos Brics.
A
diplomacia brasileira, sob a condução estratégica do chanceler Mauro Vieira,
galga portanto um degrau superior de complexidade, em meio à ocupação dos
espaços abertos nesse momento de mudanças geopolíticas.
Em
seguidos episódios, em sinais emitidos em situações distintas por atores
internos e externos, vai ficando evidente que o Brasil sob Lula ocupa a posição
mais proeminente na história de suas relações exteriores.
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