sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Grupo de judeus compara situação do índios yanomamis a campos de concentração

A carta foi lançada no mesmo dia em que é celebrado o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto

Pessoas em campos de concentração na Alemanha (à esq.), símbolo dos judeus (estrela) e indígena desnutrido no estado de Roraima (Foto: Divulgação | Condisi-YY)

O grupo Judeus pela Democracia lançou nesta sexta-feira (27) um manifesto contra a crise de saúde vivida pelos índios yanomamis. De acordo com a entidade, fotos de indígenas desnutridos que ganharam circulação na imprensa e nas redes sociais foram "comparáveis a dos prisioneiros em campos de concentração". A carta foi lançada no mesmo dia em que é celebrado o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto (1933-1945). O teor do documento, que já reúne cerca de 400 signatários, foi publicado nesta sexta-feira (27) pela coluna de Mônica Bergamo

Desde o último dia 16, equipes do Ministério da Saúde estão em Roraima para ajudar índios encontrados com problemas como desnutrição grave e malária. Houve 703 internações de crianças yanomamis em 2022. Pela Unidade de Terapia Intensiva (UTI), passaram 65 indígenas, ou cinco por mês. Um total de 29 crianças yanomamis morreu no Hospital da Criança, em Roraima, em 2022. Só este mês, em janeiro, 96 crianças yanomamis foram internadas na unidade. Quase metade permanece no hospital.

O movimento Judeus pela Democracia também criticou Hebraica do Rio de Janeiro por supostamente ter servido "como palanque para o anúncio de um genocídio", em referência a um evento ocorrido na instituição em 2017, que contou com a participação do então candidato a presidente Jair Bolsonaro (PL). Naquele dia, o então ocupante do Planalto disse que não teria "um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola" em um eventual governo seu.

Segundo o grupo de judeus, "contando com a cumplicidade da instituição que o convidou [Hebraica], e do público que ali estava para escutá-lo e aplaudi-lo, e com a bandeira de Israel ao fundo [...], a associação entre essa posição [defendida por Bolsonaro] e o judaísmo não só foi forjada, como reiterada de forma constante". "Tragicamente, a Hebraica do Rio serviu como palanque para o anúncio de um genocídio".

"Já explicitávamos ali [em 2017] o que foi anunciado agora: fotos do povo yanomami só comparáveis às dos prisioneiros de campos de concentração. Fomos atacados por setores da institucionalidade judaica no Brasil que nos exigiam, ao mesmo tempo, que não usássemos a memória do Holocausto em 'vão' e não comparássemos o nazismo com o governo Bolsonaro", destaca a carta.

O movimento Judeus pela Democracia afirma ainda que "as lições de 'nunca mais'" cabem a todos em todos os lugares, inclusive na Terra Indígena Yanomami.

Holocausto

O documento foi lançado no mesmo dia em que é celebrado o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto (1933-1945). Foi um período em que 6 milhões de judeus foram exterminados pelas forças policiais de Hitler.

O Parlamento da Alemanha também dedicou o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, celebrado no país nesta sexta-feira (27), àqueles que foram perseguidos por conta da identidade de gênero ou orientação sexual. 247.


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