(Foto: Lula Marques | Ricardo Stuckert)
O juiz Luiz Antonio Bonat, da Lava Jato em Curitiba, afirmou que parte das conversas interceptadas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com autoridades em 2016 foi deixada de fora dos processos para preservar a privacidade dos interlocutores e coibir eventuais vazamentos. A explicação, porém, não se sustenta, como aponta reportagem de William Castanho na Folha de S. Paulo.
A explicação foi dada por solicitação do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), após a Folha mostrar que diálogos mantidos sob sigilo desde então enfraqueciam uma tese do então juiz Sergio Moro.
Em ofício endereçado a Fachin, o juiz Bonat escreveu que "os áudios não incorporados aos autos eletrônicos, além de não selecionados como relevantes pela autoridade policial, tinham conteúdo sensivelmente privado e não foram juntados com a intenção de coibir o risco de vazamentos indevidos e de respeito à intimidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva".
Porém, a reportagem aponta que "na prática, quase todas as conversas que foram mantidas sob sigilo e analisadas pela Folha e pelo site The Intercept Brasil envolviam políticos e não tratavam de assuntos pessoais". O objetivo era político.
O fato é que os diálogos gravados pela Polícia Federal em 2016 e que não foram anexados ao processo fragilizavam a tese de Moro para tornar público um diálogo em que a então presidente Dilma Rousseff tratou com Lula de sua posse como ministro da Casa Civil.
Em sua conduta ilícita e parcial, visando a condenar Lula, conduta incompatível com o comportamento de um juiz, Sergio Moro pretendeu "provar" que o áudio divulgado mostrava que a nomeação de Lula como ministro tinha como objetivo travar as investigações sobre ele. Outros registros mantidos sob sigilo punham em xeque a hipótese, indica a Folha de S.Paulo.
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