(Foto: Camile Lugarini)
Já está em vigor o Plano de Ação Nacional (PAN) Ararinha-Azul (Cyanopsitta spixii). A espécie é considerada extinta na natureza e há 163 exemplares vivendo somente em cativeiro. Destes, somente 13 estão no Brasil.
O PAN tem vigência até julho de 2024 e entre suas metas está a soltura experimental de pelo menos uma ararinha na natureza. Para isso, o Instituto Chico Mendes (ICMBio) e o Ministério do Meio Ambiente vêm concentrando esforços na busca de parceiros, criação de áreas seguras e capacitação técnica para que a ararinha-azul retorne à Caatinga, seu ambiente natural, depois de vinte anos. Exemplos de ações como essas foram a criação de duas UCs de conservação voltadas para as ararinhas-azuis, em 2018, e um acordo firmado entre o Governo brasileiro e a ONG alemã Association for the Conservation of Threatend Parrots (ACTP) para a repatriação de cinquenta ararinhas-azuis, assinado neste ano.
De acordo com a coordenadora do Grupo de Assessoramento Técnico do PAN, Camile Lugarini, o primeiro objetivo é realizar pelo menos uma soltura de ararinha azul até julho de 2024. Para isso, as ações previstas são a repatriação de ararinhas para a formação do plantel reprodutivo e de animais aptos à soltura; estabelecimento de um centro de reintrodução na Fazenda Concórdia (onde já existem algumas ações de reprodução da espécie) e em outros locais perto da área de ocorrência histórica; um centro de reprodução da ararinha azul na Caatinga. Após isso, estão previstas também solturas experimentais de maracanãs e grupos mistos de ararinhas-azuis e maracanãs e por fim, a soltura experimental somente da ararinha-azul.
A ararinha-azul é um animal que depende muito da manutenção do seu ambiente para a sobrevivência. Estudos indicam que as ararinhas-azuis possuem preferência por matas de galeria por caraibeiras (Tabebuia aurea). Essas árvores são usadas para repouso, estabelecimento de ninhos e obtenção de alimentos. Outros estudos apontam um grande cacto chamado de facheiro (Pilocereus piauhiensis) como local de pernoite e proteção.
Dentro do contexto do PAN, a conservação da biodiversidade do bioma Caatinga tem papel fundamental para a reintrodução e manutenção de população viável. Para isso, segundo Lugarini, os desafios a serem enfrentados pelo PAN procuram estimular e promover práticas agrícolas compatíveis com a reintrodução e a manutenção da espécie na natureza; o ordenamento na ocupação das bacias hidrográficas da região, com ênfase onde estão localizados os riachos da Melancia e da Barra Grande e a recuperação da vegetação da área.
Refúgio da Vida Silvestre
As ararinhas serão reintroduzidas nas duas áreas protegidas criadas especialmente para protegê-las: o Refúgio da Vida Silvestre da Ararinha-Azul e a Área de Proteção Ambiental da Ararinha Azul, ambas em Curaçá (norte da Bahia). As duas já estão em fase implementação. Pesquisadores locais, especialmente os da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), e voluntários pesquisadores-cidadãos de Curaçá que participam de todas as etapas do Projeto Ararinha na Natureza, como pesquisa, divulgação, capacitação e engajamento. Dentre essas ações, o turismo de base comunitária com enfoque na observação de aves, tem sido estimulado como alternativa de geração de renda sustentável para a população local. Com o envolvimento da comunidade, é esperado coibir práticas ilegais como a caça e a biopirataria.
Os PANs são uma das principais estratégias do governo brasileiro para a conservação e recuperação de espécies ameaçadas de extinção e prioriza objetivos e ações necessárias. O processo define a gestão estratégica, isto é, como os recursos podem ser utilizados de maneira mais eficientes. O Brasil é signatário da Convenção para a Diversidade Biológica e também ratificou, durante a 10ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, em Aichi (Japão), metas que visam estabelecer ações concretas para deter a perda da biodiversidade planetária. (Fonte: ICMBio)
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