segunda-feira, 8 de abril de 2019

CUIDADO - Alergia alimentar: um caso de saúde pública mundial

  Por: Alice de Souza - Diario de Pernambuco
Crédito: Mandy Oliver/Esp. DP
Crédito: Mandy Oliver/Esp. DP

Como muitos bebês, Bernardo começou a conhecer os alimentos aos seis meses de vida. Numa das primeiras tentativas de introdução alimentar, um pingo de leite caiu da mamadeira no corpo dele. Rápido, no local, começaram a se formar bolhas vermelhas. Naquele momento, a engenheira de testes Paula Brasileiro, 36 anos, descobriu a primeira alergia alimentar do filho. Cerca de 8% das crianças com até dois anos de idade têm alergia alimentar, uma estatística que só cresce e motivou especialistas a fazer um alerta. Entre os próximos dias 7 e 13 de abril, a  Semana Mundial da Alergia será dedicada a conscientizar a população sobre as formas de diagnósticos e os riscos associados.

Mais de 170 alimentos são considerados potencialmente alergênicos. A alergia alimentar já é considerada um problema de saúde pública, devido ao incremento de casos. De acordo com a médica alergologista da clínica Alergo Imuno, Ana Carla Melo, entre os fatores que explicam o aumento das estatísticas estão os novos hábitos de vida da população mundial, a forma como a introdução alimentar passou a ser feita e as mudanças no padrão de ocorrência das doenças. Outra possível explicação seria a melhoria a assistência, que permite ampliar a quantidade de diagnósticos. Organizada pela World Allergy Organization (WAO) e pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), a campanha tem o objetivo de desmistificar o tema entre a população.

A alergia alimentar pode acontecer em qualquer momento da vida. Na infância, os alimentos com maior potencial alergênico são leite, ovo e trigo. Justamente os que Bernardo, hoje aos 7 anos, não pode comer. “Fizemos testes e vimos que ele tinha alergia à proteína do leite. Meses depois, descobrimos o ovo. E aos dois anos, quando ele brincava com uma massinha de modelar, surgiu a do trigo”, contou Paula Brasileiro. As descobertas impuseram uma rotina de cuidados para o garoto. “Se a gente comer algo com leite, por exemplo, e for dar um beijo dele, desencadeia a alergia. Na escola, sempre que ele brincava com a massa de modelar, ficava se coçando. As reações são muito rápidas e demoram mais de quatro horas a passar”, acrescentou a mãe. Hoje, a família se organiza para levar a alimentação de Bernardo, sobretudo quando vai a alguns restaurantes.

Entre as pessoas que precisam ficar mais atentas, estão aquelas com histórico familiar, que têm maior predisposição a desenvolver uma alergia alimentar. “No caso da alergia alimentar, você ter contato com o alimento de forma precoce, antes que o organismo tenha capacidade para se adaptar a ele ou um contato muito esporádico, também facilita o desenvolvimento desse quadro”, disse a médica Ana Carla Melo. Na fase adulta, os mais comuns são os frutos do mar e amendoim. Cerca de 2% da população adulta tem alergia alimentar.

As reações podem ser leves, com coceira nos lábios, até mais graves, incluindo comprometimento de vários órgãos. “Em geral, os sintomas de uma reação alérgica são semelhantes. Urticária (lesão na pele) e edema de pálpebra (inchaço), que senão tratados podem evoluir para uma reação anafilática grave e culminar com o óbito”, explicou Ana Carla Melo. Segundo ela, uma reação anafilática, no Brasil – onde não é vendido na farmácia a adrenalina – necessita de acompanhamento hospitalar. Para diagnosticar uma alergia alimentar, é preciso identificar a presença de alguns anticorpos no sangue ou fazer um teste de provocação. O ideal é que as pessoas já diagnosticadas prestem atenção sempre ao rótulo dos alimentos que estão consumindo e leia a bula de remédios, já que alguns contêm a proteína no leite.

Cuidado
Um dos grandes erros é confundir a intolerância com a alergia. “São processos diferentes. A intolerância alimentar é uma questão de dificuldade de digestão. No caso da alergia, a pessoa desenvolve anticorpos contra as proteínas alimentares”, alertou a médica. A lactose, por exemplo, é um tipo de açúcar encontrado no leite e não é desencadeador de alergias, mas sim de intolerância. Os sintomas da intolerância à lactose são dores abdominais, diarreia, flatulência (gases) e abdômen distendido. Já a alergia ao leite é desencadeada por proteínas, principalmente as caseínas, alfa-lactoalbumina e beta-lactoglobulina. Os sintomas podem ser vários, como placas vermelhas pelo corpo, coceira, inchaço dos lábios e olhos, vômitos em jato e/ou diarreia e até anafilaxia, considerada a reação mais grave.



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