Da RFI - O jornal conservador Le Figaro dedica uma página inteira nesta segunda-feira (5) aos primeiros passos do presidente eleito no Brasil, Jair Bolsonaro. A semana seguinte à vitória foi marcada por anúncios fortes, mas também se revelou caótica, observa o diário francês.
Prova de que acompanha passo a passo as ações do presidente eleito, o correspondente no Rio de Janeiro relata que Bolsonaro já experimentou o terno azul marinho de corte italiano que pretende vestir em sua posse no dia 1° de janeiro. Bolsonaro quer acelerar o passo e aproveitar a lua-de-mel com os eleitores para anunciar uma série de medidas, entre elas a polêmica liberação da posse de armas, que poderá ser votada antes do fim do ano, explica o diário.
Segundo o jornal francês, "Bolsonaro pratica o trumpismo até na comunicação ao adotar o Twitter para anunciar seus ministros".
A indicação do juiz Sergio Moro para o Ministério da Justiça foi, sem dúvida, uma bela cartada do presidente eleito, observa Le Figaro, mas o passo atrás em relação à fusão do Ministério do Meio Ambiente com a pasta da Agricultura demonstra hesitações de Bolsonaro, sob pressão de diferentes setores da sociedade e interesses de seus apoiadores. As divergências em relação à reforma da Previdência manifestadas por Paulo Guedes, futuro ministro da área econômica, e Onyx Lorenzoni, braço direito na transição e próximo titular da Casa Civil, também são sinais de fricção na equipe.
A escolha de Moro, descrito como "um pequeno juiz de primeira instância do interior do Paraná", foi decidida durante a campanha eleitoral. Mas o ingresso do magistrado num governo classificado como ultraconservador coloca em dúvida a imparcialidade de Moro e da operação Lava Jato.
As pretensões de Moro ficarão claras de acordo com suas ações no governo. Se o juiz alçado a ministro der um novo impulso ao combate à corrupção, ele irá demonstrar que de fato aceitou o convite para dar continuidade ao seu trabalho como juiz; caso contrário, poderá confirmar sua ambição à presidencial de 2022.
Le Figaro destaca ainda as escolhas de Bolsonaro em política externa: a controvertida transferência da embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém, a revisão das relações comerciais com a China, a ruptura com Cuba e a falta de interesse pelo Mercosul.
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