quinta-feira, 18 de outubro de 2018

“Deus acima de todos” ou “Tortura acima de tudo”?

  Por:Alex Solnik/247

Uma das grandes aberrações e contradições dessa eleição é que o candidato cuja bandeira é um versículo da Bíblia, que tem o apoio explícito do líder evangélico Edir Macedo e cuja coligação se chama "Deus acima de todos" já se declarou a favor de tortura enquanto deputado federal– em vídeo exibido ontem no horário eleitoral de Haddad – e elogiou publicamente um dos maiores torturadores da ditadura militar, reconhecido como tal e condenado pela Justiça, dedicando a ele seu voto a favor do impeachment da presidente Dilma, que o monstro torturara.
Monstro é o melhor sinônimo para um torturador. Posso dizer, pois conheci alguns quando passei uma temporada no X-5 do DOI-Codi de São Paulo.
Será ele uma nova reedição de "O Médico e o Monstro"? Ou será que planeja revogar a Lei 9455, de 7/4/1997, conhecida como Lei da Tortura e que pune esse crime?
Uma pessoa honesta e decente que segue os ensinamentos da Bíblia ou da Torá ou de qualquer livro sagrado de qualquer religião repudia com veemência esse crime covarde, abominável, hediondo e inafiançável. Não vota em potencial torturador.
A tortura é proibida, sob qualquer pretexto, em qualquer circunstância, não só pela lei divina, mas também pela Convenção da ONU contra a Tortura, assinada pelo Brasil em 1989. Proibida, portanto, no Brasil.
A 12 de maio de 2016 ele produziu um dos comentários mais nojentos, infames e pusilânimes da história do Congresso Nacional. Pela primeira vez na história brasileira um torturador oficialmente reconhecido como tal foi exaltado em transmissão pela TV em rede nacional.
O elogio a um assassino, a um bandido condenado pela Justiça por chefiar torturadores e por torturar e que só não cumpriu pena porque morreu antes traz outra questão ao centro do debate: afinal, Bolsonaro combate bandidos ou os defende?
Se combate bandidos não poderia elogiar o chefe dos torturadores do DOI Codi durante o governo Médici; se o elogia, então defende bandidos.
E se não combate bandidos, mas sai em sua defesa a sua principal bandeira de campanha está rota.
A outra questão é: como é que um chefe religioso como Edir Macedo, que prega a palavra de Deus todo misericordioso, generoso e que ama a todos manda seu rebanho votar no candidato que defende a tortura?
E o rebanho é obrigado a seguir a indicação de seu pastor ainda que afronte a palavra de Deus?
O mais honesto seria mudar o nome da coligação para "Tortura acima de tudo".


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