sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Avaliação nacional revela as duas faces do ensino em Pernambuco

O ensino médio do estado alcançou notas acima da média do país. Já o fundamental está muito abaixo do esperado

Pernambuco foi o estado brasileiro que apresenta a menor diferença entre os níveis sociais mais baixos e mais altos. Foto: Rafael Martins/DP.
Pernambuco foi o estado brasileiro que apresenta a menor diferença entre os níveis sociais mais baixos e mais altos. Foto: Rafael Martins/DP.

A divulgação dos resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2017 nessa quinta-feira (30) pelo Ministério da Educação (MEC) mostra duas faces da educação em Pernambuco. Enquanto o ensino médio se destaca com notas acima da média nacional, o ensino fundamental míngua índices muito abaixo do esperado. Nesta segunda-feira, o MEC vai divulgar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), considerado o principal parâmetro da educação brasileira e calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar e do Saeb.

Quando avaliadas as competências de língua portuguesa dos alunos do quinto ano do ensino fundamental, os estudantes pernambucanos atingiram a pontuação média 200. A proficiência média nacional nesse quesito foi 215, considerada nível 4, numa escala que vai de 0 a 9. Em matemática, foi registrada a proficiência 209, também inferior à nacional, que foi 224. 

No nono ano (última série do ensino fundamental), Pernambuco atingiu pontuação 250 em língua portuguesa (a média nacional foi 258) e 249 em matemática (258 no Brasil). Na avaliação do Ministério da Educação e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia vinculada ao MEC que realiza o Saeb, os resultados de aprendizagem dos estudantes brasileiros são “absolutamente preocupantes”. 

Já no ensino médio, Pernambuco teve desempenho acima da média nacional. Em língua portuguesa, o estado teve taxa de proficiência 269 (pouco acima dos 268 pontos médios do país). Apesar disso, o estado aparece entre as 12 unidades da federação que apresentaram resultados inferiores a 2015, junto a Amazonas, Amapá, Bahia, Distrito Federal, Rio de Janeiro e outros. Em matemática, o estado teve 271 de proficiência média, enquanto o país ficou com 270. 

Do ponto de vista das diferenças de aprendizagem entre estudantes de nível socioeconômico mais baixo e mais alto, Pernambuco foi o estado brasileiro que apresenta a menor diferença, enquanto o Distrito Federal apresentou a maior diferença de aprendizagem. O dado é obtido cruzando os desempenhos dos alunos das escolas com índices mais altos no Indicador de Nível Socioeconômico das Escolas de Educação Básica (Inse) versus os mais baixos. Na prática, significa dizer que o estado é o que tem a menor desigualdade educacional.

Sobre os resultados, o secretário estadual de Educação, Frederico Amancio, afirmou que é preciso considerar o contexto do estado ao comparar os resultados do ensino fundamental com os do ensino médio. Todos os anos iniciais (do segundo ao quinto ano) e 60% das matrículas dos anos finais (sexto ao nono ano) são de responsabilidade dos governos municipais. Os 40% restantes das matrículas dos anos finais e todo o ensino médio ficam a cargo do governo estadual.

“O estado de Pernambuco deu um passo grande ao fazer grandes investimentos no ensino médio para que ele avançasse. Saímos da 21ª para a primeira posição no ranking nacional (do Ideb) em dez anos (entre 2007 e 2017). Hoje, o país inteiro reconhece o nosso trabalho”, afirmou. O secretário disse ainda que o governo estadual tem ajudado os municípios por meio do programa Educação Integrada, lançado no ano passado, com objetivo de contribuir para o combate ao analfabetismo e exclusão escolar de Pernambuco.

ENTENDA
O Sistema de Avaliação da Educação Básica é um processo de avaliação em larga escala realizado periodicamente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Ele oferece subsídios para a elaboração, o monitoramento e o aprimoramento de políticas com base em evidências, permitindo que os diversos níveis governamentais avaliem a qualidade da educação praticada no país. Por meio de testes e questionários, o sistema reflete os níveis de aprendizagem demonstrados pelo conjunto de estudantes avaliados.

Na edição de 2017, o Saeb avaliou com provas de língua portuguesa e matemática mais de 5,4 milhões de estudantes brasileiro do quinto e nono ano do ensino fundamental e da terceira série do ensino médio em mais de 70 mil escolas. Pela primeira vez, o sistema de avaliação testou os conhecimentos dos concluintes do ensino médio da rede pública de forma censitária. Isto é, a prova foi oferecida a todos os estudantes das escolas públicas e não apenas a um grupo de escolas, como era feito até então.

Também foi inédita a participação voluntária das escolas privadas com oferta da terceira série do médio por meio de adesão. Foram aplicados questionários direcionados a diretores, professores e estudantes. Nas escolas particulares, os resultados não foram divulgados.

Alunos do médio não têm conhecimento adequado em português

Apenas 1,6% dos alunos do ensino médio do país têm aprendizagem adequada em língua portuguesa, mostrou a última edição do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Em português, os estudantes alcançaram, em média, 268 pontos, o que coloca o país no nível 2, em uma escala que vai de 0 a 8. Até o nível 3, o aprendizado é considerado insuficiente pelo Ministério da Educação (MEC). O levantamento refletiu um ensino médio praticamente estagnado desde 2009, o que, na análise do próprio MEC, tem agregado pouco ao desenvolvimento cognitivo dos estudantes brasileiros.

Em matemática, a situação não é diferente: apenas 4,52% dos estudantes do ensino médio brasileiros avaliados pelo Saeb 2017, ou cerca de 60 mil, superaram o nível 7 da escala de proficiência – que vai de 0 a 10 – da maior avaliação da educação básica brasileira. Com os resultados, o Ministério da Educação atestou que, se não houver uma mudança no panorama de educação no ensino médio brasileiro, em breve, os anos finais do ensino fundamental vão superar a última etapa da educação básica em relação aos ganhos de aprendizagem. 

O ministro da Educação, Rossieli Soares, observou que, mesmo com algumas evoluções nas etapas dos anos iniciais e finais do ensino fundamental, o nível de aprendizagem médio do país ainda está no limite inferior do nível básico. “O ensino médio está no fundo do poço. É inaceitável que mais de 70% dos estudantes do ensino médio estejam no nível insuficiente tanto em língua portuguesa quanto em matemática após 12 anos de escolaridade”. 

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) anunciou novidades para a edição do próximo ano da avaliação. Entre as novidades para o Saeb 2019, destaca-se a avaliação das dimensões da qualidade educacional.

Involução no ensino fundamental em todo país
Por Agência Brasil

Os estudantes brasileiros deixam o ensino fundamental com desempenho pior do que entraram, em média. As provas que avaliam os estudantes de escolas públicas em língua portuguesa e matemática mostraram que os estudantes chegam a um nível maior de aprendizagem nas disciplinas no quinto ano do que no nono ano, quando deixam o ensino fundamental.

Os resultados revelam ainda que, quando fazem a avaliação no quinto ano, os estudantes ficam, em média, no nível 4 de proficiência, tanto em língua portuguesa quanto em matemática - em uma escala que vai de 0 a 9 em português e de 0 a 10 em matemática. De acordo com os critérios do MEC, no nível 4, os estudantes aprenderam o básico em ambas as disciplinas.

No nono ano, o resultado piora. Em média, os estudantes estão no nível 3, tanto em língua portuguesa quanto em matemática, o que significa que não alcançaram nem mesmo o nível básico e tiveram uma proficiência insuficiente. Nessa etapa, a escala vai até 8 em português e 9 em matemática, mas os critérios do MEC para classificar a aprendizagem como suficiente permanecem os mesmos.

Em média, no Brasil, os estudantes do quinto ano obtiveram 215 pontos em português em 2017 e 224 pontos em matemática. Os números apresentam aumento em relação à avaliação anterior, em 2015, quando as pontuações foram de 208 e 219.


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