O programa “Ferréz em Construção” recebeu na última quinta-feira 26 o jornalista e escritor Juca Kfouri, que discorreu sobre temas relacionados a esporte, política e sociedade brasileira. Em sua opinião, a País atravessa um período de exceção e a prisão do ex-presidente Lula ilustra as arbitrariedades jurídicas cometidas. “Nem a Copa do Mundo vai fazer com que parem de falar de Lula”, projeta.
Questionado pelo escritor Ferréz sobre as arbitrariedades da prisão, Juca avalia o cárcere do ex-presidente com um projeto parte do golpe de Estado. “Cumpre um ciclo que começa no golpe do impeachment, comandando pelo senhor Eduardo Cunha (PMDB-RJ), culminando com objetivo final, que é impedir Lula de ser candidato em 2018, por isso sua condenação estratégica. Eu acredito que nem mesmo a Copa do Mundo vai fazer com que parem de falar de Lula, pois, apesar do esforço, está difícil tirá-lo da pauta”, ressalta.
Juca Kifouri considera que há o início de uma consciência coletiva em questionar a legalidade da prisão de Lula. “Veja o Exemplo de Sérgio Cabral, centenas de ternos, relógios e sapatos de grife, pegaram o Lula, o que mostram? Um pedalinho, um triplex naquele estado que foi apresentado. As pessoas começam a cair em si, todo mundo sabe o quanto a justiça brasileira é lenta e o processo de Lula caminhou a jato”, observa.
Ele dá sequência às criticas ao Judiciário brasileiro. “O processo do ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB-MG) já dura décadas e ele nunca foi preso. Veja o Senador Aécio Neves (PSDB-MG) e Michel Temer (PMDB-SP) soltos”, condena Kfouri.
Futebol não é circo
Juca Kfouri, que agradece ao pai pela herança corintiana, relata como foi seu ingresso na faculdade de Ciências Sociais da USP. “Eu queria provar que futebol não era alienante. Aqui no Brasil dois dos fenômenos nacionais mais arraigados do povo brasileiro, que é o futebol e carnaval, foram tratados durante anos como circo e anestesia. Minha visão é oposta, acredito que o futebol é um agente mobilizador”, afirma.
Questionado sobre a demonização das torcidas organizadas, ele explica que a violência entre torcedores não difere do que é visto na sociedade. “O Brasil mata 60 mil pessoas por ano. Um País que tem um Supremo Tribunal Federal que nós temos, não podemos imaginar que no futebol seria muito diferente”, avalia.
Ele desconstrói o falso estigma criado contra as torcidas organizadas. “Pesquisam apontam que apenas 7% dos torcedores são violentos, mas o medo real dessas pessoas é o da organização. Por exemplo, a torcida do Corinthians estava recentemente nos estádios denunciando o escândalo de corrupção da merenda escolar envolvendo o deputado Fernando Capez (PSDB-SP)”, aponta.
O legado negativo
O jornalista é categórico ao analisar o processo da realização da Copa do Mundo e Olimpíada no Brasil. “Esse foi um dos equívocos graves dos governos do PT. Tá tudo sucateado, grandes estádios viraram elefantes brancos, até o Maracanã conseguiram sucatear. O legado das arenas é a elitização do futebol, branquearam os estádios, isso é o neoliberalismo atuando no esporte”, critica.
Questionado sobre a conjuntura atual, o jornalista alerta sobre o momento dramático que o País vive. “Com todos os problemas dos governos anteriores, ao menos havia a contenção do capitalismo agressivo no Brasil. Agora fazem uma távola rasa dos direitos que foram duramente conquistados pela sociedade brasileira”, observa.
A Constituição está sendo rasgada
Na semana passada, viralizou nas redes sociais um vídeo no qual Juca Kfouri se emociona com a fala do jurista Pedro Serrano sobre Lula, durante uma entrevista ao programa apresentado pelo jornalista na TVT, "Entre Vistas".
Ele relembra a fala do jurista, ressaltando a importância da luta em defesa da democracia. “Pedro Serrano disse que a nossa principal preocupação no momento é a defesa da constituição, a sociedade brasileira precisa reagir contra esses ataques. A prisão de Lula é um absurdo, é típico de uma ditadura”, conclui. (247).
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