Retirante, filho de mãe analfabeta, Luiz Inácio Lula da Silva, que foi o primeiro representante das classes populares, a exercer o poder no Brasil e deixou o cargo com 87% de aprovação popular, entra agora para a galeria dos grandes mitos da história da humanidade. Escrevi esta coluna poucas horas antes daquela que seria a prisão – ou não – do maior líder político que o Brasil já conheceu. O que terá acontecido com Lula? Foi preso? Não? Houve reação popular? O Brasil entrou em guerra civil?
Não sabia do desfecho e não era sobre isso que escrevia. O que podia dizer naquele momento era sobre como Lula será lembrado daqui a 100, 200 ou quinhentos anos. Nunca antes, na história deste País, um governante deixou o cargo com 87% de aprovação popular. Nunca antes o Brasil foi tão respeitado e tão feliz. Também nunca antes um indivíduo foi submetido a uma perseguição tão implacável e tão insidiosa. Por que motivo um governante, que retirou 36 milhões de pessoas da miséria, em plena democracia, foi perseguido pela própria elite do País de que cuidou com tanto carinho?
Ódio, preconceito de classe, ignorância e ressentimentos... todos esses são fatores subjetivos que explicariam tamanha insensatez. No entanto, há fatores também concretos, econômicos, geopolíticos – e que são aqueles que realmente movem as grandes guerras. Sim, embora alguns ainda não saibam, o Brasil está em guerra. Não com tanques, canhões e baionetas, mas uma disputa não convencional. E tudo isso começou no governo Lula, quando a Petrobras fez a maior descoberta de petróleo do mundo, nos últimos cinquenta anos, com o pré-sal.
Desde então, o Brasil passou a ser atacado. A presidente Dilma Rousseff foi espionada, a Petrobras idem, grupos disseminadores de ódio e intolerância foram financiados pelo capital internacional e o golpe contra o Brasil cumpriu sua primeira etapa com a deposição ilegal – porque sem crime de responsabilidade – de Dilma. Em seguida, foi ela própria quem avisou que, depois disso, os próximos passos dos golpistas seriam promover a entrega do pré-sal e, ainda, interditar a participação de Lula nas eleições de 2018 – o que agora tenta se consumar.
O final da história ninguém será capaz de prever, uma vez que o Brasil entrou no território do imponderável. O que se pode dizer, no entanto, é que o martírio de Lula evoca os de personagens como Jesus Cristo, crucificado pelo próprio povo, Tiradentes, esquartejado a mando da coroa imperial, e Nelson Mandela, preso vinte e quatro anos antes de presidir e libertar seu País. Mais do que nunca, por sua história, pelo que fez nos seus governos e pela resistência pacífica e democrática quando se viu alvo de uma ignomínia judicial, Lula merece o Nobel da Paz.(247).
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