Mesmo com o crescimento do torneio, que começa nesta quinta-feira (20), a diferença para a Copa masculina continua grande
Às 4h desta quinta-feira (20), será dado o pontapé inicial naquela que já nasce como a maior edição da Copa do Mundo Feminina até aqui. Com um novo formato (semelhante ao da Copa de 2022) e abraçando agora 32 seleções, já é o torneio com mais times femininos da história. Com isso, também cresecem o números de transmissões, os torcedores que estão envolvidos e, por consequência, os valores de premiação. Ainda assim, os valores são muito diferentes aos do torneio masculino.
Segundo dados divulgados pela Fifa, o Mundial de 2023 terá uma premiação total entre 110 e 150 milhões de dólares. Esse valor é cerca de quatro vezes maior em relação à premiação total distribuída na última Copa disputada em 2019 e dez vezes maior comparada ao Mundial de 2015. A seleção vencedora do torneio disputado na Austrália e Nova Zelândia receberá cerca de US$ 16 milhões.
Ainda que a Fifa venha investindo mais na modaliadade e os números comprovem isso, ainda existe um abismo entre os torneios disputados por homens e mulheres. No Catar em 2022, a premiação total distribuída pela entidade máxima do futebol foi de cerca de US$ 440 milhões. A Argentina, campeã mundial, embolsou cerca de US$ 42 milhões. A diferença dos números é de quase três vezes.
Como uma das medidas para diminuir esses desequilíbrios, a federação anunciou que cada uma das atletas presentes no torneio receberá uma premiação individual O valor varia entre US$ 30 mil e US$ 270 mil, a depender do quão longe a equipe da atleta chegar na competição.
Representatividade para além dos números
O torneio de 2023 está possibilitando um abraço maior em torno da modalidade. São mais países envolvidos e pessoas conectadas com a disputa, além de oito nações chegando pela primeira vez à fase máxima da competição. A secretária-geral da Fifa, Fatma Samoura, declarou que espera que a audiência chegue perto de 2 bilhões de pessoas. Ainda segundo a integrante da federação, cerca de 1.375.000 ingressos já foram vendidos e com muitos ainda disponíveis, principalmente nas partidas que serão disputadas na Nova Zelândia.
Para Soraya Barreto, professora especialista em questões de gênero, futebol e mídias, a atual disputa terá como principal ponto a manutenção do crescimento da modalidade.
“Essa Copa teve o crescimento do número de equipes, vários times estreantes, uma questão representativa muito grande, vamos ver países como Zâmbia e Filipinas que não conseguem chegar muito no masculino e a gente vê que é uma lógica muito diferente e que dá uma nuance que é uma representatividade muito maior de seleções. Mas no âmbito de gênero, ela é uma das maiores copas porque tem conseguido desde 2019 uma certa manutenção de atenção midiática", disse a pesquisadora.
Para a professora, desde a última Copa do Mundo é possível perceber um maior esforço em torno da modalidade, maiores investimentos e mais espaço na mídia. “Especialmente desde 2019 temos visto uma constância no falar sobre a modalidade e isso possibilitou estarmos vivenciando a maior Copa das mulheres porque a gente ampliou esse debate, gerando muito mais consumo, patrocinadores, interesse do debate social, aumento do salário das atletas e, especialmente, uma maior atenção do público nessa construção de uma cultura futebolística voltada ao futebol feminino", argumentou Soraya Barreto.
Outra conseqûencia que a comunicadora enxerga é a maior visibilidade das atletas, com o grande público tendo acesso e conhecendo mais das trajetórias das jogadoras. "Até pouco tempo atrás só se falava em Marta, e hoje a gente vê Andressinha, Debinha, Gabi Nunes, uma série de personagens novas que estão falando e promovendo o futebol, isso é muito importante, por isso esse aumento é tão significativo e simbólico", complementou.