Lula acena para vários partidos e mostra um ritual já conhecido

                         Por Betânia Santana

  Presidente Lula instiga alunos a se inscreverem no Enem, em evento no IFPE Paulista - Foto: Alexandre Aroeira/Folha de Pernambuco

Gestos para todos os lados em dois dias de visita. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afagou o Polo Automotivo, ao visitar a Jeep, em Goiana, na Mata Norte.

Acarinhou o PT de Humberto Costa, lançando o novo Farmácia Popular, e o de Teresa Leitão, inaugurando o IFPE de Paulista e anunciando a construção de uma unidade em Olinda.

Contemplou o PSB de João Campos com programação no Compaz e encontros antes dos eventos. E não esqueceu nem mesmo a governadora Raquel Lyra (PSDB), que nunca assumiu em quem votou para presidente da República, e na quarta-feira (7/6) assegurou crédito de R$ 900 milhões com o Banco do Brasil, para recuperar as estradas.

Mas foi para os jovens que ele dirigiu seu discurso de despedida e no improviso. Como um líder de movimento estudantil, instigou os estudantes a repetirem o que ele dizia, lembrando que o Governo anterior havia desmobilizado a sociedade brasileira a fazer o  Exame Nacional do Ensino Médio porque não acreditava na educação.

E os alunos obedeceram, e reverberaram a fala do presidente: Com essa atitude, Lula repete a estratégia de trazer para mais perto dele o público que era maioria no evento. E não poderia ser diferente em Pernambuco, seu reduto eleitoral.

No Brasil, os dois últimos anos registraram os menores números de inscritos desde que o exame teve início. Foram 3.109.762, em 2021 e um pouco mais (3.396.597) no ano passado. A edição de 2023 marca os 25 anos do Enem, aplicado pela primeira vez em 1998.

O grupo que repetiu a fala do presidente foi o mesmo que cobrou a instalação de um refeitório no IFPE de Paulista. A unidade funciona desde 2021, tem cerca de 1.100 alunos e oferece seis cursos, sendo dois deles de nível superior.

Ainda na quarta-feira  o ministro da Educação, Camilo Santana, informou que o presidente deu o aval para a construção do refeitório, mas o anúncio oficial ficou mesmo para a instalação do IFPE de Olinda, município vizinho onde o instituto funciona em prédio provisório. O investimento será de R$ 25 milhões. A autorização para a obra foi assinada ontem.

Mão em punho e coraçãozinho

Só mesmo a relação estreita com nomes ligados ao bolsonarismo justifica o fato de Raquel Lyra não ter feito o L de Lula, quando o público implorou por isso, na manhã de ontem, no Compaz Ariano Suassuna, depois de assinar crédito com o Banco do Brasil. A governadora se limitou a erguer o braço com a mão em punho, símbolo de solidariedade. Depois, juntando as duas mãos, fez um coraçãozinho.

INSATISFEITOS As vaias que ressoaram no IFPE de Paulista ficaram divididas entre Raquel Lyra e o prefeito da cidade, Yves Ribeiro (MDB). Também sobraram gritos de "mentiroso" e "mentirosa". A governadora respondeu. O prefeito se fez de mouco.

DISCRETA  A vice-governadora Priscila Krause (Cidadania) só acompanhou Raquel Lyra na última parte da programação com Lula, em Paulista. Comenta-se que a participação dela no Governo do Estado tem sido menor que seu brilho natural. 

SURPRESA O prefeito do Recife, João Campos, seguiu todos os passos de Lula, e não perdeu a oportunidade de apresentar em detalhes um projeto voltado para a área de urbanismo. Pediu que o presidente visse com bons olhos e garantisse apoio.

DESPRESTÍGIO  Após a mobilização do PT de Pernambuco para assegurar Danilo Cabral na Sudene, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, diz agora que esse é pleito antigo da legenda. O que se diz por aí é que o PSB desprezou o ex-deputado.

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