sexta-feira, 22 de julho de 2022

Filhas denunciam chacina no Alemão que matou a mãe: 'covardia por despreparo da polícia'

O namorado, Denílson Glória, que estava com Letícia Marinho Salles no Alemão, também lamentou a morte: “estou desnorteado”

(Foto: Reprodução / Globo)

Filhas de Letícia Marinho Salles, desempregada de 50 anos, morta dentro de um carro com um tiro no peito no Complexo do Alemão durante chacina policial nesta quinta-feira, 21, criticaram a polícia e clamaram por justiça.

Na manhã desta sexta-feira, 22, elas estiveram no Instituto Médico-Legal, no Centro do Rio, para liberar o corpo da mãe. Letícia é moradora do Recreio dos Bandeirantes, mas estava no Alemão quando o tiroteio começou. 

“O sentimento é de dor, revolta e injustiça. Minha mãe era uma mulher de 50 anos que temia tanto pela justiça. Ela foi covardemente alvejada sem passar qualquer tipo de perigo. Ela não fez nada e aconteceu essa covardia por despreparo da polícia. Eu quero que seja feita a justiça. Não desejo isso que eu estou sentindo hoje para ninguém. Foi tirado um pedaço de mim. É isso que o governador tem para nos oferecer? Entrar e matar?”, indagou Jenifer Salles.

“Ela ajudava todo mundo. Sempre acolheu a todos. Ela era amada por onde passava. Minha mãe colocava pessoas dentro da casa dela para ajudar, mesmo sem conhecer. A única coisa que eu cobro do governador Cláudio Castro é justiça. Quero saber quem fez isso. O Estado foi totalmente negligente”, afirmou.

Segundo Jenifer, o governador Cláudio Castro (PL) “nem se prontificou a falar nada, só prometeu. Nós queremos uma resposta”.

Outra filha de Letícia, Jéssica, destacou que a mãe estava desempregada, mas estava prestes a arrumar um serviço de vigilante. “Mulher guerreira, criou todos os filhos. Estudou e trabalhou desde muito cedo. Foi criada na Vila Cruzeiro. Vendia quentinha, costurava. Agora ela tinha acabado de conseguir documentos para trabalhar de segurança”.

Confira as declarações aqui.

O namorado de Letícia, Denílson Glória, que estava com a namorada no Alemão, também lamentou a morte. “Estou desnorteado. A mãe dela acabou de morrer por velhice, e hoje aconteceu isso. Ela estava na minha casa, na Penha, e nós viemos para cá [Alemão] tomar café na minha tia. Nessa hora não tinha disparo. Nós paramos em um sinal e, logo depois, meu carro foi alvejado. Ela foi atingida no peito”.

O porta-voz da Polícia Militar, o tenente-coronel Ivan Blaz, afirmou, em entrevista à TV Globo, que Letícia Salles, era amiga pessoal de sua mãe. “Minha mãe ontem ficou muito abalada com a morte de sua amiga”, afirmou. 

E destacou também a morte do cabo da Polícia Militar Bruno de Paula Costa, único policial morto durante a operação que matou outras 17 pessoas. “Eu já estava muito triste com a morte do cabo De Paula que deixa dois filhos autistas. Como essa mãe vai tocar a vida sozinha sem o seu marido agora? Eles dois acabam por representar um custo nessa operação. Não há resultado operacional que vá mostrar, que seja comemorado com a morte desses dois inocentes”, afirmou o porta-voz. 247

*Com informações do jornal O Globo


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