quarta-feira, 8 de junho de 2022

Golpe e pandemia fizeram insegurança alimentar avançar e 33 milhões de brasileiros passam fome, diz pesquisa

Segundo o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil, 58,7% dos brasileiros convivem com algum grau de insegurança alimentar

(Foto: Agência Brasil | Edilson Rodrigues/Agência Senado | Cecília Bastos/USP Imagens)

O golpe de 2016 contra a presidente Dilma Rousseff (PT) resultou no retorno do Brasil ao mapa da fome, situação que foi agravada pela pandemia de Covid-19. Segundo o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado nesta quarta-feira (8) pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), 33,1 milhões de brasileiros passam fome, um crescimento de quase 50% (14 milhões) em pouco mais de um ano. 

De acordo com o documento, mais da metade da população (58,7%) convive com algum tipo de insegurança alimentar em grau leve, moderado ou grave (de fome total). Essas condições afetam atualmente 125,2 milhões de brasileiros, um incremento de 7,2% em relação a 2020, início da pandemia de Covid-19.

Ainda conforme o levantamento, seis em cada dez domicílios não possuem acesso pleno à alimentação e possuem alguma preocupação com a escassez de alimentos no futuro. As populações das regiões Norte e Nordeste são as que mais sofrem com o problema. 

O estudo, realizado entre novembro de 2021 e abril de 2022, ressalta que a fome fez parte do dia a dia de 25,7% das famílias na região Norte e de 21% no Nordeste, índices acima das médias de cerca de 15% no Sudeste e 10% no Sul.

O mesmo agravamento é percebido quando se compara o campo e a cidade. Nas áreas rurais, a insegurança alimentar, em todos os níveis, esteve presente em mais de 60% dos domicílios. Até quem produz alimento está pagando um preço alto: a fome atingiu 21,8% dos lares de agricultores familiares e pequenos produtores. 

A pesquisa também destaca que enquanto a segurança alimentar está presente em 53,2% dos domicílios onde a pessoa de referência se autodeclara branca, nos lares com responsáveis de raça/cor preta ou parda ela alcança 65% dos domicílios. 

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que a insegurança alimentar no país vinha diminuindo desde 2004, quando alcançava 34,9% dos lares. O índice caiu para 30,2% em 2009 e chegou a 22,6% em 2013. “Dos 68,9 milhões de domicílios do país, 36,7% estavam com algum nível de insegurança alimentar, atingindo, ao todo, 84,9 milhões de pessoas, conforme dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018 de Análise da Segurança Alimentar no Brasil, do IBGE", destaca a pesquisa. O atual patamar da fome no Brasil representa um retrocesso aos níveis registrados na década de 1990.

“Já não fazem mais parte da realidade brasileira aquelas políticas públicas de combate à pobreza e à miséria que, entre 2004 e 2013, reduziram a fome a apenas 4,2% dos lares brasileiros. As medidas tomadas pelo governo para contenção da fome hoje são isoladas e insuficientes, diante de um cenário de alta da inflação, sobretudo dos alimentos, do desemprego e da queda de renda da população, com maior intensidade nos segmentos mais vulnerabilizados”, avalia o coordenador da Rede Penssan, Renato Maluf. 247





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