sexta-feira, 20 de março de 2020

Ministro admite que número de casos de coronavírus no Brasil é maior que o registrado

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, confirma a primeira morte por Covid-19 em São Paulo, durante entrevista à imprensa.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, confirma a primeira morte por Covid-19 em São Paulo, durante entrevista à imprensa. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Erick Gimenes e Nara Lacerda, Brasil de Fato | São Paulo (SP) - O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que existem mais casos de coronavírus no Brasil do que o que vem sendo registrado. Em entrevista coletiva online à imprensa, nesta quinta-feira (19), Mandetta ressaltou que alguns estados que não registraram o vírus ainda, podem já ter infectados. O governo já havia informado que os testes seriam realizados apenas em casos mais graves.
Além disso, pessoas assintomáticas e com gripes leves estão sujeitas a não serem contabilizadas. 
“Tem muitos casos que estão acontecendo, se você pegar os casos suspeitos, que nem fizeram teste. A gente só sabe os casos graves e os que falecem. Para cada um desses confirmados deve ter um número de não confirmados. A gente trabalha sempre só com uma parte de informação, como se fosse um iceberg. Estamos vendo a ponta do iceberg, mas aqui em embaixo tem muito mais casos", disse o ministro. 
Governo não segue recomendação da OMS para testes de coronavírus
A recomendação de testar todos os casos suspeitos é da Organização Mundial da Sáude (OMS), mas o governo brasileiro já havia informado que não seguiria essa prática. Nesta semana, o ministro chegou a criticar a recomendação da OMS.
“(...) O presidente da Organização (Mundial da Saúde) Tedros (Adhanom Ghebreyesus), ele coloca que todo o planeta deve fazer o teste em 100% das pessoas. Primeiro, isso do ponto de vista sanitário é um grande desperdício de recursos preciosos para as nações", disse Manetta.
A médica epidemiologista e professora da Universidade Federal de Santa Catarina, Eleonora d’ Orsi, afirma que, nos casos com sintomas mais leves, é preciso buscar atendimento online ou por telefone, nos canais oferecidos pelos governos locais.
Ela ressalta que, neste momento, a diminuição dos investimentos em saúde  precisa ser revertida e o Sistema Único de Saúde (SUS).
“O momento chama atenção para a necessidade de maiores investimentos na saúde. Acho que isso está ficando bastante claro para a sociedade como um todo e para o governo. O Brasil tem uma grande vantagem que é ter um sistema único em nível nacional. Mas esse sistema de saúde está sendo subfinanciado", afirma a médica epidemiologista.
Para diminuir o número de casos e conter o avanço da doença, Eleonora d’ Orsi afirma que é fundamental que sejam investidos recursos principalmente nas áreas de vigilância e prevenção.
"Ele (SUS) realmente precisa que sejam feitos todos os investimentos, especialmente na área de vigilância e na área de prevenção. É isso que vai fazer com que a gente tenha menos casos. Tendo menos casos, a gente vai sobrecarregar menos o nível terciário de atendimento, que são os hospitais e as UTIs. Que também precisam, claro, de reforços, mas sempre que se investe mais na prevenção você consegue poupar recursos para os níveis mais caros e mais restritos do sistema de saúde", aponta. 
Eros Davi Bittar, médico com formação na Escola Latinoamericana de Medicina de Cuba e que atua na área de saúde da família, afirma que já era esperado que o Brasil não conseguiria acompanhar os números totais do coronavírus no país.
“Como o vírus agora penetrou no nosso país, era esperado que isso fosse acontecer cedo ou tarde. Mas com certeza, você congelar gastos por vinte anos elimina as respostas a possíveis catástrofes", aponta.
Do ponto de vista prático, Bittar considera que, testando ou não, as medidas de isolamento são a maneira mais eficaz para tentar conter a expansão da infecção pela doença, que agora é comunitária.
"Não mudaria muita coisa o assintomático saber que tem o vírus, porque o isolamento social tenta mitigar esse caso do assintomático. Se você coloca a infecção em um gráfico, você tem um surgimento exponencial de casos em um curto espaço de tempo. A ideia de isolar as pessoas, além de reduzir o número de casos, aumenta o tempo em que essa transmissão ocorre. Isso permite que os sistemas de saúde consigam absorver com mais equilíbrio à demanda", ressalta.
Para dar conta da demanda, o governo promete aumento na produção de testes. A Fundação deve entregar mais 40 mil unidades até abril e já disponibilizou 30 mil ao sistema. Segundo o Ministério da Saúde, a Fiocruz se comprometeu a produzir mais de um milhão de testes nos próximos quatro meses.

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