Por Fernando Brito, do Tijolaço -Está claro, mas não custa repetir: as perspectivas econômicas do país, apesar de todos os coros de falso otimismo, deteriora-se rapidamente.
Tudo indica que não vai tardar um ataque especulativo contra o Banco Central, no eixo câmbio-juros públicos.
No primeiro, apesar de o BC ter leiloado contratos de câmbio futuro em valor muito acima do tido como normal (US$ 30 bi contra US$ 23 bi, nos meses anteriores, gerando um prejuízo de R$ 6,9 bilhões, segundo o Valor), o dólar marca a cada dia – e, de novo, hoje – novos recordes de valorização.
A continuidade da alta do dólar terá reflexo inevitável nos índices de inflação é não se ache que a inflação de maio, que a Fundação Getúlio Vargas já estima em 1% tenha sido efeito da batata ou do alface durante a greve dos caminhoneiros.
No segundo, cresce a pressão por voltar a subir a taxa Selic, que, com inflação chegando (ou passando) de 4% ao ano não remunera, com nível que desejam, com um taxa de juros públicos de 6,5%.
Ilan Goldfajn, solitário remanescente do que seria o "dream team" de Michel Temer para a economia vai cair, como Pedro Parente, dizendo se imolar por uma política "realista" de juros?
É bom arranjar outro discurso, porque se praticar "realismo" terá de subi-los e não há condições políticas para isso.
O Brasil vive uma crise de confiança: não se confia no governo presente nem se confia nos possível governo futuro, com as perspectivas que estão postas no quadro eleitoral de hoje.
Por paradoxal que pareça, ninguém pode oferecer ao "mercado" um currículo com experiência em estabilização econômica como o que tem candidato mais odiado pelo mundo das finanças: Lula.
Não? Quem o tem?
Bolsonaro e sua necessidade de criar factóides?
Marina Silva ou Álvaro Dias, duas figuras peripatéticas?
Geraldo Alckmin e sua vocação de buraco, sempre crescendo para baixo?
Ciro, talvez, pelo lado da experiência até de inistro da Fazenda (de Itamar Franco), mas sua promessa de usar o poder imperial de um recém-eleito para processar mudanças profundas e traumáticas nos primeiros seis meses de governo apavoram esta gente.
Quem acha que, libertado, Lula pudesse deixar de ganhar as eleições está sonhando.
E quem crê que, eleito, Lula faria um governo de choque e retaliação por tudo o que passou e passa, está projetando nele a mesquinhez de seu próprio caráter, porque seu esforço seria o de reconciliação.
O dele, claro, não o de seus adversários figadais (jamais fidalgo, não se confundam).
Formariam um quisto conspiratório, mas moralmente derrotado pelo resultado eleitoral.
A crise brasileira não é na economia, mas é de confiança e de normalidade políticas, claro que agravada pela situação de incerteza da economia mundial.
É uma crise de Estado e só pode ser resolvida por homens de Estado.
Alguém está vendo outro, além do que está preso em Curitiba?
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