segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Ibope: a força de Lula e o desespero dos adversários

Ricardo Stuckert

Esta primeira pesquisa Ibope sobre a sucessão presidencial representa uma espécie de marco zero da corrida, e Lula larga com vários corpos de vantagem sobre todos os concorrentes. Certamente por isso mereceu tão pouco destaque por seu patrocinador, jornal O Globo.    É preciso olhar com mais atenção para a consulta espontânea do que para a estimulada para se constatar claramente que a força de Lula provoca o desespero de seus adversários.   Na pesquisa espontânea, quando o eleitor declara sua preferência sem consultar uma cartela com nomes, o ex-presidente obtém 26%, praticamente três vezes mais que o segundo colocado nesta modalidade, Jair Bolsonaro (9%),  13 vezes mais que Marina Silva (2%), enquanto  todos os outros candidatos ficam com apenas 1%. A pesquisa espontânea, quando falta muito tempo para o pleito, é o indicador mais consistente da solidez de uma candidatura. Ou seja, Lula é a única força eleitoral realmente viva no quadro eleitoral e Bolsonaro a encarnação anêmica, porém melhor sucedida, do anti-lulismo.
             A segunda caravana de Lula, que se encerra nesta segunda-feira em Belo Horizonte, depois de um périplo pelo interior recolhendo apoio e carinho dos mineiros,  aponta para outra realidade indiscutível.  Neste Brasil entorpecido pelos efeitos do golpe e do governo imoral de Michel Temer,  só Lula consegue mobilizar o povo, enquanto Temer e Aécio engordam índices de rejeição  Apesar da Lava Jato e da fuzilaria que ele tem enfrentado, nem partidos, nem sindicatos e movimentos sociais, e muito menos outros candidatos conseguem, como Lula, tirar as pessoas de seu recolhimento depressivo  para externar a esperança na redenção do país.
                Faltando um ano para o pleito, na pesquisa estimulada Lula ganha de todos os possíveis concorrentes em todos os cenários, e surge cristalina a possibilidade de vitória em primeiro turno.  Ele obtém de 35% a 36%, dependendo do elenco na cartela, ao passo que Bolsonaro varia de 15% a 18%,  também segundo a variação dos candidatos. Bem depois vem Marina Silva, variando de 8% a 11%, e na lanterna, embolados (variando de 5% a 7%), Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, João Doria e Luciano Huck.   A inclusão do nome de Huck na pesquisa mostra o desespero da elite conservadora para encontrar um anti-Lula  mais palatável que Bolsonaro e mais competitivo que os dois tucanos.   Mas como não há tempo para a fabricação deste nome, apesar do experimento com o global Huck,  resta a aposta na inabilitação de Lula, embora isso também não resolva o problema do outro lado.  PSDB, DEM e outros parceiros foram triturados pela aventura golpista em que se meteram e Lula, mesmo impedido de concorrer, tem força para alavancar outra candidatura petista levando-a ao segundo turno.
                Se Lula puder ser candidato, em algum momento, assim como ocorreu em 2002, a elite nacional terá que enfrentar um dilema: ou assimila sua volta,  dentro de um pacto para desatar os nós políticos e econômicos que asfixiam o Brasil,  ou dá um salto no escuro, abraçando um dos candidatos   que carecem das condições básicas para liderar um projeto restaurador.  A todos eles falta algo essencial. Ou projeto, ou legitimidade ou credibilidade.
                Lula, até agora, tem mobilizado multidões apenas pregando a revisão dos retrocessos impostos por Temer e alguns temas laterais, como a regulação da mídia,  que não chegam a motivar o eleitorado.  O momento começa a cobrar também dele a apresentação de um programa mais claro e objetivo, que contenha as linhas gerais do que faria para realmente unificar o Brasil e recolocá-lo no leito do projeto interrompido, de crescimento com inclusão e redução das desigualdades que limitam a construção de uma nação efetivamente democrática e desenvolvida.
                A Fundação Perseu Abramo, do PT, é que tem se ocupado mais desta tarefa mas, para alargar a candidatura de Lula e sua viabilidade, a construção deste programa também precisa ser ampliada, incluindo nomes e forças que ultrapassem a fronteira do petismo. Em 2018, dificilmente Lula firmará uma aliança com forças de centro, como em 2002. Desta vez, a prioridade será unificar as forças progressistas, e não apenas a esquerda partidária, na formulação de um programa que possa funcionar como pilar de uma pactuação  contra o atraso representado pelo golpe e pelo governo que ele produziu.
                O que o IBOPE revela, com esta pesquisa, é a força inconteste de Lula e as razões de seus adversários para se desesperar, apelando até para um Luciano Huck,  que como candidato seria o tipo mais nefasto de out sider:  desprovido de todos os requisitos para o cargo mas apoiado por um colossal poder midiático, o da Globo.(247).

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